O inquérito produzido pela Polícia Federal sobre a trama golpista, tirada do sigilo nesta terça-feira (26), revela mensagens que mostram que o Almirante Luís Carlos, ex-comandante da Marinha, teria aderido ao plano golpista articulado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo diálogos interceptados, um contato identificado como “Riva” descreveu Luís Carlos como um “patriota” e destacou que “tinham tanques no Arsenal prontos”, sugerindo possível preparação militar para apoiar uma ruptura institucional.
As mensagens apontam que Luís Carlos seria peça estratégica no esquema, com o interlocutor afirmando que, se Bolsonaro tivesse agido com maior determinação ao lado da Marinha, “o Exército e a Aeronáutica iriam atrás”. A troca de mensagens reforça a suspeita de que setores das Forças Armadas estavam alinhados com o plano de um golpe, baseando-se em narrativas de fraude eleitoral para justificar ações autoritárias.
A investigação da Polícia Federal aponta que a adesão de altos oficiais militares, como Luís Carlos, ampliava a viabilidade logística e operacional do golpe. Elementos como tanques e equipamentos supostamente prontos no Arsenal indicam uma possível mobilização de recursos militares.
Além disso, o material integra uma ampla apuração sobre a tentativa de subversão democrática, que culminou no indiciamento de Jair Bolsonaro e outros 36 nomes. A articulação previa medidas como o uso de decretos golpistas e o assassinato de líderes políticos e judiciais, parte do plano batizado de “Punhal Verde e Amarelo”.
Em novembro de 2022, quando a trama ainda estava em andamento, Luís Carlos assinou uma nota em defesa dos acampamentos em frente a quarteis do Exército após a derrota de Bolsonaro nas eleições. Ele também foi citado na delação premiada de Mauro Cid como tendo disposição para participar de um golpe de Estado.
Segundo o depoimento do tenente-coronel, o ex-comandante da Marinha também teria alegado a aliados que a nota em defesa dos acampamentos foi um “acordo” entre os comandantes das Forças Armadas.
A divulgação do texto em 11 de novembro de 2022 coincidiu com a pressão para uma ação do Exército visando a desmobilização dos acampamentos, inclusive no Quartel-General em Brasília. Bolsonaristas clamavam por intervenção militar para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder.
A nota, também assinada pelo então comandante da Força Área Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Baptista Junior, descrevia os acampamentos como “manifestações populares” e destacava o papel das Forças Armadas como “moderadoras” nos momentos cruciais da história.
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