PSTU-Maringá
Seguindo a cartilha segregacionista e elitista do prefeito Silvio Barros (PP) de transferir eventos populares de locais centrais para espaços afastados e fechados, a Secretaria Municipal de Cultura (Semuc) divulgou, no início de julho, em suas redes sociais, que a Virada Cultural 2025 seria realizada no Pavilhão Azul do Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro, sob gestão da Sociedade Rural de Maringá.
O anúncio, no entanto, gerou legítima revolta tanto na população quanto entre os artistas locais, obrigando a Prefeitura a realizar uma consulta pública para definir onde a Virada Cultural deste ano deverá acontecer. Em acordo com a decisão de outros movimentos e entidades do setor cultural, nós, do PSTU, convocamos toda a população trabalhadora a votar pela Vila Olímpica como forma de derrotar essa política da administração municipal. Também continuaremos atentos, fiscalizando para que a vontade da nossa classe seja respeitada.
Aquilo que aparenta ser uma simples mudança de local, na realidade, trata-se de uma política segregacionista que restringe o acesso e a participação popular, além de excluir parte da classe trabalhadora que sobrevive das vendas e consome cultura em eventos como esse.
Ao priorizar tais características nos eventos culturais e não dedicar esforços aos tradicionais eventos do calendário da cidade — como a Feira Literária Internacional de Maringá (Flim), o Festival Afro-Brasileiro, a Semana do Hip Hop e até mesmo a Maringá Encantada —, a mensagem transmitida pela prefeitura é a de que a cultura em nossa cidade deve ser restrita a poucos, transformando-se em mercadoria à venda nas prateleiras dos espaços fechados.
Cultura ou negócio?
Como se não bastasse, no início de agosto, sem qualquer consulta à população, a administração municipal enviou uma delegação para acompanhar a realização de um Festival Medieval em Portugal e, em seguida, realizou, em parceria com a Câmara Municipal, a Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim), a Associação Cultural Lírius e empresas locais, um evento-teste no Eurogarden, visando à futura implantação de um Festival Medieval em Maringá.
Além da evidente problemática do uso de dinheiro público em um evento que celebra um período histórico marcado pelo atraso político, científico e tecnológico — e ainda por cima realizado em um espaço privado, destinado a gerar fluxo de pessoas e lucro para os proprietários do local —, chama a atenção a falta de compromisso do prefeito Silvio Barros com a cultura popular. O que, desde já, parece ser um projeto para nos transformar nos futuros “bobos da corte” desse festival.
Maringá segue sem definições quanto aos eventos tradicionais que compõem o calendário cultural da cidade. A Flim, por exemplo, continua sem tema ou convidados definidos, mesmo estando a menos de dois meses de sua realização, prevista para o período entre 8 e 12 de outubro. A Maringá Encantada, marca recente do calendário popular, também permanece sem definições sobre sua realização.
A pergunta que não quer calar: Maringá precisa de um Festival Medieval?

Prefeito Silvio Barros em evento-teste do Festival Medieval de Maringá Foto: PMM
A Prefeitura alega que seu objetivo é valorizar a história local, mas, na prática, o evento proposto exalta justamente um dos períodos mais retrógrados da colonização, marcado por escravização, pilhagem e envio de nossas riquezas para a Europa.
Como se não bastasse, a data escolhida para a estreia do festival — entre 6 e 8 de novembro de 2026 — coincide com o “Novembro Negro”, mês dedicado à luta do movimento negro por reparação frente à diáspora africana causada pela escravização promovida por países europeus, como Portugal.
A decisão de promover um festival medieval significa, na prática, exaltar valores antidemocráticos, hierárquicos e excludentes, típicos do feudalismo – e infelizmente cada vez mais presentes no ideário da extrema direita da sociedade atual.
O evento, contudo, é comemorado pela burguesia local, que o vê como uma oportunidade. Prova disso é o anúncio feito por Silvio Barros da criação do Parque Português, que será construído em um terreno municipal na região do Eurogarden. Essa iniciativa configura um claro aceno à elite local, direcionando recursos públicos para construtoras e setores empresariais da cidade e região, criando atrativos em uma área privada da cidade.
A população é quem deve decidir!
O acesso à cultura não deve ser um privilégio de quem pode pagar. Cultura e entretenimento são elementos fundamentais para as relações sociais e para a construção de uma sociedade. Infelizmente, no capitalismo, ao se transformarem em mercadoria, acabam privando a ampla maioria da população desse acesso.
Como citado neste artigo, ao retirar os eventos populares de regiões de fácil acesso, a Prefeitura, além de dificultar a participação da população, aplica uma política segregacionista sobre quem pode ou não acessar a cultura na cidade. Por isso, precisamos derrotar essa política municipal.
A população trabalhadora é quem deve ter o direito de decidir onde devem acontecer esses eventos, em quais locais, quem serão os artistas convidados, bem como outros temas que envolvem a administração pública.
É a classe trabalhadora quem paga os impostos desta cidade e quem deveria decidir onde será gasto o dinheiro dos impostos: em eventos culturais populares ou se precisamos de um Festival Medieval. Assim como é a população que deve ter o direito de decidir onde quer que aconteça a Virada Cultural de Maringá 2025.
Por isso, o PSTU convoca a classe trabalhadora de nossa cidade a votar e concentrar esforços para que este evento ocorra neste ano na Vila Olímpica, trazendo para nós essa decisão e derrotando essa política segregacionista que o prefeito Silvio Barros quer implementar na cidade.
Mas é preciso ir além e nos organizarmos para mudar nossa sociedade, que na prática trata a cultura como um privilégio para poucos. Podem até dizer que é um direito de todos, mas, na realidade do capitalismo, essa promessa não se cumpre. Por isso, é necessário superar esse modo de produção e construir outro – o socialismo -, que não transforme a cultura em mercadoria a ser comprada, mas sim a garanta como um direito real para todos.