A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, voltou a ser alvo de ataques machistas por parte de deputados durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara nesta quarta-feira 2.
Convocada para prestar esclarecimentos sobre queimadas e ações do governo federal, Marina foi alvo de insultos pessoais e comparações ofensivas por parte de deputados da oposição, principalmente os bolsonaristas e os ligados ao agro.
O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) chegou a chamar a ministra de “adestrada”, “mal-educada” e afirmou que ela “nunca trabalhou” e “não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho”. Ele ainda comparou sua atuação com a dos grupos Farc, Hamas e Hezbollah.
Já o deputado Zé Trovão (PL-SC) chamou Marina de “vergonha como ministra” e disse que o presidente Lula (PT) “não tem apreço por ela”. O deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) sugeriu que Marina pedisse demissão, enquanto o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) tentou interromper a ministra dizendo para ela ter “calma”, em um momento que foi interpretado por Marina como tentativa de silenciamento.
Marina rebateu os ataques e disse que pediu a Deus para lhe dar calma. “Hoje de manhã eu fiz uma longa oração e pedi a Deus para me dar calma… Acho que Deus me ouviu, porque eu estou em paz”, disse a ministra.
Em outro momento, citou um ensinamento bíblico: “É preferível sofrer injustiça do que praticar uma injustiça… E eu prefiro sofrer injustiças do que praticá-las, porque quando você é injustiçado, a justiça virá”.
Marina também apontou o machismo presente nas interrupções: “Se fosse um homem falando como estou falando, não estariam dizendo que é mal-educado. Mas, porque é uma mulher, tem que ouvir que é mal-educada.”
Este episódio sucede outro momento ocorrido em maio no Senado, quando Marina abandonou uma audiência após ofensas, incluindo a afirmação de que “a ministra não merece respeito”.
Marina tem sido uma das figuras mais visadas do governo Lula em 2025, tanto por seu ativismo ambiental quanto por sua projeção internacional. Há também um viés de gênero nos ataques, algo que Marina apontou diretamente ao comparar a forma como mulheres são tratadas quando se posicionam.