A cidade de Belém, no coração da Amazônia, será palco do que pode ser a reunião mais importante sobre o clima e o combate ao aquecimento global. Entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, a capital paraense sediará a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Este evento marca a primeira vez que uma cidade amazônica recebe a cúpula do clima, um marco que reforça o papel do Brasil como líder global na agenda ambiental.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do governo Lula, Marina Silva, destacou a importância estratégica do evento: “A COP30 será um marco para reforçar o papel do Brasil como protagonista na agenda climática global. Os desdobramentos da COP29 nos desafiam a construir uma conferência mais ambiciosa e focada em resultados. Isso requer liderar pelo exemplo, promovendo articulações regionais e globais para que possamos dar um passo histórico no enfrentamento à crise climática”.
Segundo Marina, o compromisso brasileiro será evidenciado pela busca de acordos concretos e pela exposição de soluções para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. A necessidade é grande, uma vez que a COP29 terminou sem consensos ou acordos significativos para vanços reais na pauta do clima.
A Conferência do Clima
Com a aproximação da COP30, Belém passa por transformações para acomodar o evento. Governos federal, estadual e municipal estão mobilizados para preparar a infraestrutura necessária, garantindo que a cidade esteja pronta para receber milhares de delegados, chefes de Estado, representantes de organizações ambientais e jornalistas de todo o mundo. Essa movimentação também traz à tona o desafio de criar um legado duradouro para a população local.
Para o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, o sucesso da COP30 dependerá das negociações que antecedem o evento: “A maior parte do trabalho da presidência brasileira será nesse período de preparação. Vai ser um ano extremamente intenso de ação para assegurar que a COP30 traga os melhores resultados possíveis”, explicou.
Pauta Global pelo clima
As discussões em Belém abordarão temas centrais da agenda climática, como a implementação do Acordo de Paris, a proteção de florestas tropicais e biomas essenciais, e a promoção de um modelo de desenvolvimento que respeite os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. O Brasil também buscará ampliar o apoio internacional para suas políticas de conservação ambiental e combate à degradação dos ecossistemas.
Segundo o embaixador, o protagonismo brasileiro estará em evidência: “O Brasil tem iniciativas exemplares e únicas que podem servir de inspiração para outros países. Além disso, ao posicionar-se como líder da nova economia baseada em soluções climáticas, o país pode colher enormes benefícios para sua própria economia”.
G20 e COP30
Uma amostra da capacidade brasileira de pautar os grandes temas em fóruns internacionais foi a presidência brasileira do G20, que culminou na reunião de Chefes de Estado em novembro, no Rio de Janeiro.
A presidência brasileira trouxe ao foco das prioridades o debate ambiental e as negociações climáticas no bloco que reúne países que agregam dois terços da população mundial, 85% do PIB global, 80% das emissões globais e 75% do comércio internacional.
Na declaração final, os governos anunciaram instrumentos e medidas para acelerar a expansão dos fluxos financeiros voltados à implementação de ações climáticas, transformação ecológica e o reforço do papel de bancos multilaterais no combate às mudanças do clima.
“Estamos trabalhando ativamente para promover o diálogo entre nações, buscando convergências entre as demandas dos países em desenvolvimento e as responsabilidades dos países desenvolvidos. O Brasil tem papel único como ponte entre norte e sul globais e está empenhado em liderar com ética, compromisso e uma visão de futuro que priorize a vida e o equilíbrio planetário. A presidência do G20 reafirmou esses atributos, de maneira concertada com organismos multilaterais e absoluto respeito à autonomia das nações”, reforçou Marina Silva.
Na Cúpula do G20, os países reforçaram o compromisso em aumentar as ações climáticas para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030 e a transição para o fim do uso de combustíveis fósseis nos sistemas energéticos. Defenderam também a reforma do sistema financeiro global para maior eficiência no combate à mudança do clima e na promoção do desenvolvimento sustentável.
“Nós reafirmamos a meta de temperatura do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média global para bem abaixo de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e de empreender esforços para limitar o aumento a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e impactos da mudança do clima”, indica a declaração final da Cúpula de Líderes do G20.