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A economista italiana Mariana Mazzucato apresentou uma palestra no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro em que defende novos pensamentos e caminhos para a criação do bem comum para a população e, para auxiliar as falhas dos governos em todo o mundo, ela defende o Estado-empreendedor como uma alternativa ao capitalismo voraz que acentua cada dia mais problemas sociais e a fragilidade das nações diante do mercado financeiro.
Inicialmente, a economista tinha como tema o crescimento inclusivo e sustentável liderado pela inovação, porém como ela já está escrevendo um novo livro em que aponta caminhos para reduzir as disparidades sociais, boa parte da apresentação foi dedicada a novos pensamentos para a construção de novos modelos econômicos.
Entre eles é a proposta de Estado-empreendedor. “Em outras palavras, o Estado não como um credor de último recurso, mas um investidor de primeiro recurso e modelador de mercado. Não um fixador de mercado e, em seguida, traduzir isso em políticas políticas orientadas para a missão, mas também esta ideia subjacente à capacidade de dirigir a economia de uma forma orientada para objetivos”, explicou à plateia.
Mariana Mazzucato afirmou que seu trabalho é tentar ajudar governos a mudarem a forma como pensam e agem, especialmente porque é uma preocupação constante da economista repensar as estruturas de gestão pública e a relação com os setores privados. Caso contrário, pouco mudará.
Ao assumir o protagonismo no direcionamento da economia e deixar o papel de definir taxas e financiar as estatais, o governo cria um novo pensamento econômico que exige coordenação interministerial.
“Foi o velho pensamento económico que nos meteu nesta confusão. Precisamos então tentar implementar essas ideias de uma forma humilde, ouvindo o trabalho não em locais que aprendem com o terreno e trazê-las de volta à teoria que chamamos de teorização baseada na prática, mas especialmente ao tipo de nova formação, a nova educação. Precisamos estar dentro do serviço público é fundamental. Não, precisamos de uma nova mentalidade, uma nova cultura, longe de apenas corrigir as falhas do mercado para aqueles que estão na sala que são economistas, para moldar, mas sim criar um tipo de economia muito diferente. Isso é inclusivo, sustentável e assim por diante”, continua a economista.
Covid-19
A preocupação da pesquisadora em criar modelos econômicos mais ágeis de serem aplicados partiu também das sequelas deixadas pela pandemia de Covid-19, período em que ficou evidente um “tipo extremo de estagnação, a falta de urgência que parecemos ter com qualquer um destes problemas sociais”. “Ninguém diz, ah, sim, em 2030, venceremos a guerra, não você diz que vamos vencê-la agora”, comenta.
Em tempos de guerra, indústrias são transformadas em indústrias de guerra rapidamente, assim como são fabricadas as ferramentas necessárias para exércitos, além de leis que agilizam a aquisição de novas tecnologias, bens e serviços para vencer um conflito.
“Mas em tempos de paz somos muito lentos. Há inércia. Há estagnação. Falamos sobre coisas como inclusão e igualdade nas alterações climáticas, mas a coisa realmente não muda. Não transforma. É irregular. Há um pouco de mudança aqui e ali, há projetos, pequenos projetos fofos em torno das mudanças climáticas, mas não são sistêmicos e não estão alinhados”, critica Mariana Mazzucato.
En relação à Covid, diversos países falharam nas políticas de contenção da epidemia, o que resultou em um montante excessivo de mortes sem deixar avanços em sistemas globais de saúde, que seguem despreparados para enfrentar novas epidemias.
Metas da ONU
Para que os países se tornem mais sustentáveis e menos desiguais, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Porém, para Mariana Mazzucato, não há um verdadeiro apelo à ação, até porque, nos últimos anos, o processo de financeirização concentra boa parte dos recursos apenas no rentismo, deixando de financiar demandas sociais e desenvolvimentistas.
No Reino Unido, onde a pesquisadora mora, mais de sete trilhões de libras na última década foram usadas apenas para recomprar ações. “Então o setor empresarial é financeirizado, o setor financeiro é financeirizado basicamente reinvestindo em si mesmo. Este é um grande problema também no Brasil.”
“Precisamos governar de uma forma completamente diferente para que o próprio mercado se transforme e não confundamos o mercado com os negócios. Como governamos os negócios, como governamos a governança corporativa, como governamos as instituições públicas e como elas trabalham juntas determina o tipo de mercado que teremos. A raiz do problema, do porquê acabamos em crise após crise, crise de biodiversidade, crise da água, do clima, financeira, exige que realmente repensemos todas essas instituições.”
Mariana Mazzucato, economista
A alternativa, então, é deixar de pensar em governos apenas como “um conserto para as coisas”, mas adotar conceitos modernos e atrativos na administração pública, como gestão estratégica e geração de valor para empresas e para atender as demandas sociais.