No Café PT desta sexta-feira (30), a prefeita de Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão (PT), apresentou um panorama dos principais avanços de sua gestão e compartilhou aprendizados trazidos de uma missão oficial à Holanda, pela Frente Nacional de Prefeitos, da qual é secretária nacional.
Em entrevista, a petista reforçou a importância de soluções sustentáveis e a necessidade de pensar o futuro das cidades com visão de longo prazo.
Ela destacou duas lições centrais da visita à Holanda: soluções urbanas baseadas na natureza e um modelo de governança que prioriza a solidariedade e o planejamento coletivo.
“A natureza não é uma inimiga. Ela é o contexto dentro do qual nós devemos buscar as melhores condições de convivência”, afirmou.
A prefeita relatou que os holandeses enfrentam escassez de água potável e vivem abaixo do nível do mar, o que os obriga a adotar estratégias de gestão hídrica avançadas.
“A água não deve ser tratada como inimiga, mas como um recurso com o qual se pode contar”, disse, mencionando o “Conselho das Águas”, instância que orienta as políticas urbanas e ambientais no país.
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Plano para 150 anos
Ao comentar o planejamento de cidades holandesas para o ano de 2150, a prefeita criticou a limitação imposta pelo curto prazo dos mandatos políticos no Brasil.
“O desperdício é assustador. Um prefeito começa, o outro desfaz. Aqui, nada seria feito”, lamentou.
Ela citou como exemplo a cidade de Nijmegen, que decidiu mudar parte de seu traçado urbano para permitir a expansão natural de um rio, após 12 anos de debates e implementação.
“Nós temos que descobrir formas de ter mais tempo para achar soluções que não sejam superadas em prazo tão curto.”
Adaptação às mudanças climáticas
Ao Café PT, Margarida Salomão defendeu que o Brasil precisa repensar a forma como lida com as mudanças climáticas.
“Lá [na Holanda], nem se fala em Secretaria de Meio Ambiente. O nome é Secretaria de Adaptação Ambiental. A questão é como nos adaptamos às mudanças inesperadas.”
Ela destacou políticas de arborização urbana, incentivo ao transporte coletivo e ao uso de bicicletas como medidas eficazes para reduzir o impacto das ondas de calor e promover a mobilidade sustentável.
“Isso tudo concorre para diminuir o efeito estufa, para trabalhar com a descarbonização da atmosfera.”
Juiz de Fora celebra 175 anos com entregas
A entrevista também trouxe uma prévia da programação do aniversário de 175 anos de Juiz de Fora, que vai de 31 de maio a 30 de junho.
Entre as ações anunciadas pela prefeita, está a entrega de 1.500 títulos de propriedade para famílias que vivem há décadas em situação de irregularidade fundiária.
“O direito de possuir a própria moradia é um direito inalienável, um direito humano fundante.”
Outro destaque é a inauguração do Centro de Preservação da Memória Negra no antigo Paço Municipal, um marco para a cidade. “Juiz de Fora tem um débito imenso com a população negra. Estamos criando a semente de um futuro Museu da Memória Negra.”
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PAC, passe livre e redução da jornada
Margarida Salomão celebrou ainda o impacto positivo do novo governo Lula para os municípios, citando os investimentos do Novo PAC em projetos de macrodrenagem.
“É enterrar muito dinheiro. O político não gosta, porque depois as pessoas esquecem. Mas temos que fazer o necessário.”
Ela também destacou três políticas implementadas em seu segundo mandato como o passe livre estudantil, coleta seletiva obrigatória e jornada de 30 horas semanais para servidores. “A gente fala e faz. Porque palavras vazias, o vento leva”, afirmou.
A prefeita também anunciou a criação do Polo Audiovisual de Juiz de Fora, inspirado no exemplo de Cataguases. “Queremos que as pessoas possam viver a arte e viver de arte. É uma possibilidade econômica contemporânea.”
Ao final da entrevista, a prefeita falou sobre o futuro da cidade e confiança nas propostas do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT).
“Mesmo as mais utópicas são exequíveis se houver vontade política, capacidade administrativa e responsabilidade.”
Da Redação