O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirma ter recebido uma nova determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para suspender seus perfis nas redes sociais e bloquear até 50 milhões de reais de suas contas bancárias.
A ordem, que teria sido assinada na noite de segunda-feira 12, é sigilosa e ocorre apenas três meses após o parlamentar voltar a ter acesso ao seu perfil do Instagram. Nas redes, há semanas, Do Val vinha realizando novos ataques à Corte e ao magistrado – em um dos vídeos, ele afirmou que iria denunciar Moraes em “tribunais internacionais”.
Nesta terça-feira, as contas do senador bolsonarista no Facebook, no YouTube e no Instagram aparecem fora do ar. A rede social X, de Elon Musk, é a única a manter o perfil do político ativo. É justamente nessa rede que Do Val fez os primeiros comentários sobre o assunto.
Na publicação, ainda no ar, o senador afirmou que a decisão é “inconstitucional” e configura “abuso de autoridade”. “O que estamos vivenciando é uma flagrante contravenção e um desrespeito não apenas à minha pessoa, mas a todo o Senado Federal, que está sendo desmoralizado diante de uma medida arbitrária, que fere o princípio da dignidade humana”, afirmou Do Val.
Procurado por CartaCapital, o Supremo pontuou que o processo tramita em segredo de justiça e, por isso, não poderia fornecer comentários sobre os detalhes do despacho.
À reportagem, o advogado Iggor Dantas, que defende o parlamentar, afirmou ainda não ter tido acesso à íntegra da ordem judicial, mas classificou o bloqueio nas contas como “completamente atípico”.
No ano passado, Marcos do Val teve seus perfis nas redes sociais suspensos após ser alvo de operação da Polícia Federal. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar, na esteira de investigações sobre obstrução às apurações sobre os atos golpistas em 8 de Janeiro.
O fato ocorreu após o senador relatar uma suposta reunião com o ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir um plano de golpe. A versão apresentada pelo bolsonarista sugere que ele teria sido incitado a gravar um encontro com Moraes, a fim de obter uma declaração comprometedora que pudesse impedir a posse do presidente Lula (PT).