Marcos de Oliveira: Brics e o controle da IA

Brics e o controle da IA

Ameaças de Trump pró Big Techs quer manter controle da IA com empresas dos EUA; Brics não quer poder na mão de bilionários

Por Marcos de Oliveira, em Monitor Mercantil

Um dos três temas sugeridos pela presidência do Brasil à frente dos Brics este ano é a inteligência artificial.

Documento com um conjunto de diretrizes “para promover o desenvolvimento, a implantação e o uso responsável de tecnologias de IA para o desenvolvimento sustentável e o crescimento inclusivo” foi acolhido pelos demais membros.

“A IA não pode ser privilégio de poucos nem instrumento na mão de milionários”, disse o presidente Lula na Cúpula do Brics, no início deste mês. O assunto também foi um dos mais importantes no Fórum de Mídia e Think Tanks do Brics, realizado semana passada pela Xinhua.

Um dos painéis do Fórum foi “Brics e IA: construindo um futuro digital compartilhado”.

Xu Zhiwei, vice-presidente e no comando da Plataforma Global de E-commerce na Kuaishou International Business (empresa que controla, entre outros, o Kwai), disse que “a IA redefine a lógica da distribuição de conteúdo, além da produção”.

Leonardo Attuch, CEO do Brasil 247 – coorganizador do Fórum, assim como o Monitor Mercantil e a EBC – defendeu proposta que prevê o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial de código aberto, permitindo às nações do Sul Global acesso a tecnologias decisivas no século 21. “É uma tarefa urgente”, destacou.

Questões tecnológicas à parte, como esta coluna escreveu há quase 2 anos, talvez se encontre aí um dos cernes da discussão: quem dominará a tecnologia, de forma a não se aprofundar a desigualdade que marca o cenário mundial nas últimas décadas.

O Brasil está na vanguarda da regulação da IA, com o Projeto de Lei 2.338/2023, aprovado no Senado e em debate na Câmara. Não à toa, a carta em que Trump chantageia o Brasil tem uma boa parte voltada aos interesses das Big Techs, que não admitem nenhum tipo de controle, ainda mais no que é hoje a fronteira da internet.

Na China, na 14ª Assembleia Popular Nacional (APN), em março, uma das expressões em destaque foi Inteligência Corpórea (具身智能): integração da inteligência artificial em robôs humanoides ou outras entidades físicas.

Intrigante é que, apesar de todo o destaque da inteligência artificial, sua implantação não caminha no ritmo que as empresas desenvolvedoras desejam.

“Por que a IA está demorando tanto para se disseminar? A economia pode explicar”, é o título de artigo da revista britânica The Economist. Veremos isso amanhã.

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