Por Mariane de Barros
da Págino do MST

Na madrugada deste sábado, 26 de julho, a Regional Agreste Meridional de Pernambuco
despertou com um novo capítulo da história sendo escrito pelas mãos calejadas da
esperança. Famílias do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra
(MST) ocuparam a Fazenda Melancia, situada entre os municípios de Caetés e Venturosa
— território fértil não apenas em solo, mas em memória e simbolismo, entretanto
atualmente improdutivo.

Foto: Nicolas Gandhi

Com cerca de 435 hectares, a terra escolhida carrega em si a força de um retorno às
origens: está situada nas proximidades do berço onde nasceu Luiz Inácio Lula da Silva,
filho do Agreste e atual Presidente da República. Por isso, o acampamento ganhou nome:
nasceu ali a “Terra de Lula”, como quem finca raízes em homenagem a uma luta ancestral
pelo direito a terra e território como rege a legislação da Reforma Agrária.

Além disso, a ocupação aconteceu de forma completamente pacífica e livre de qualquer tipo
de violência. Ao amanhecer do sábado, as proprietárias da Fazenda se encaminharam para
o território ocupado e entraram em um diálogo com a coordenação estadual que se fazia
presente para estabelecer possíveis negociações para que nenhum conflito acontecesse.

Desde então, o povo Sem Terra segue acampado esperando por uma futura reunião que
acontecerá em breve para que a negociação aconteça de uma forma tranquila e dentro do
que é previsto pela lei.

Foto: Nicolas Gandhi

Este é um marco histórico para o povo Sem Terra que luta neste território, visto que só
depois de 14 anos conseguiram avançar na luta pela Reforma Agrária Popular por diversos
fatores que impediram a luta de seguir. Agora, rompendo as cercas de um latifúndio, cerca
de 100 famílias se levantaram para reivindicar o que lhes é de direito: terra, moradia e
dignidade.

A ocupação integra a Jornada de Lutas da Semana Camponesa, que ecoa o lema: “Para
o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!” — um chamado à consciência nacional para
que a terra cumpra sua função social e se transforme em lar, soberania nacional, sustento e
futuro.

Mais do que um ato político, a ocupação é um gesto de amor à terra, de reexistência e de
semeadura. É a certeza de que, com coragem, o campo pode florescer em liberdade, em
produção coletiva e em vida digna. É o povo Sem Terra dizendo: a terra é de quem a faz
brotar.

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Last Update: 26/07/2025