
A dona de casa Marta Batista, de 61 anos, surpreendeu ao participar da Marcha para Jesus, nesta quinta (19), na zona norte de São Paulo, empunhando uma bandeira da Palestina em meio a uma multidão com milhares de bandeiras de Israel distribuídas gratuitamente pelos organizadores.
“Como evangélica, não aceito a política de eliminação de [Benjamin] Netanyahu”, afirmou ao Poder360, em referência ao primeiro-ministro de Israel. Ela relatou ter recebido críticas de outros participantes, mas permaneceu na marcha até o fim da passagem dos sete trios elétricos.
O protesto ocorre um dia depois de Israel promover um ataque que matou ao menos 140 pessoas em Gaza. As FDI (Forças de Defesa Israelenses) bombardearam um campo de refugiados de Maghazi e um acampamento em Khan Younis.
Outro episódio chamou atenção durante o evento religioso. O mestre de obras Thiago Costa, de 31 anos, levou uma bandeira da Coreia do Norte e foi questionado sobre o motivo do símbolo inusitado. “Temos que defender Jesus nos quatro cantos do mundo, até onde são contra o cristianismo”, respondeu.
A associação entre o movimento evangélico brasileiro e o Estado de Israel se baseia em interpretações teológicas que apontam os judeus como o povo escolhido por Deus e Jerusalém como peça-chave para a volta de Jesus Cristo. Por isso, bandeiras israelenses têm se tornado comuns em cultos, manifestações e eventos cristãos no Brasil.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou da Marcha de Jesus e se enrolou numa bandeira de Israel nesta quinta. De olho no eleitorado evangélico, ele ainda cantou louvores em cima de um trio elétrico.
Além de Tarcísio, também participaram do evento o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça.