Uma das empresas mais antigas do Brasil, a AngloGold Ashanti está em atividade no Brasil desde 1834 e vem acompanhando as mudanças políticas e econômicas do país. O certo, segundo o presidente da mineradora, Marcelo Pereira (foto/reprodução internet), é que nos momentos de crise a procura pelo ouro aumenta, como acontece nesse momento, com os Bancos Centrais dos países aumentando as suas reservas.
A economia brasileira tem prejudicado a atuação da empresa? Os juros altos têm impactado de forma direta?
Nós temos acompanhado com muita atenção a economia. Obviamente, é um cenário que se aplica a todos nós. Não dá para deixar de acompanhá-lo, sabedor da importância que tem para todos nós. Mas uma forma geral, nós não temos grandes impactos, até porque a taxação que está sendo feita para exportação não se aplica ao nosso produto.
Valoriza, na verdade, não é?
O ouro, normalmente nesses períodos, tende a ser uma moeda alternativa para os investidores. A demanda maior faz com que o preço suba também. Estamos tendo preços recordes, inclusive. Mas o preço da mesma forma, assim como os juros, em algum momento tende a se normalizar.No longo prazo ele tem de acomodar. Mas obviamente, no curto prazo nos ajuda bastante e nós temos acompanhado com atenção, até porque nós temos quase 5 mil funcionários, e nós sabemos o quanto as medidas podem prejudicá-los no seu dia a dia.
O efeito Trump atinge também a mineradora?
Não. Ele está muito em linha de que, no curto prazo, com uma demanda maior dos investidores no ouro, sai um pouco de mercados mais voláteis, como ações e outros investimentos. Os Bancos Centrais também têm feito reservas, principalmente nos últimos seis meses. Temos visto uma corrida muito forte dos bancos mundiais para fortalecer suas reservas em ouro, o que faz com que o preço do ouro melhore. Agora, nós temos que trabalhar, nós temos que focar internamente na nossa capacidade de produzir ao menor custo possível, porque daí vem a nossa sustentabilidade. Nós não podemos ficar dependentes de preço ou de variações do mercado para garantir a sustentabilidade do nosso negócio. Então, temos trabalhado bastante forte internamente para garantir a continuidade, independente de preço ou qualquer outra coisa.
E essa mina descoberta na China? É uma novidade no mercado?
Estamos tenho muito pouca informação. Recebi algumas notícias sobre lá, que é uma mina bastante profunda, abaixo de 3 mil metros de profundidade, mas parece um superdepósito. A China já é a maior produtora mundial de ouro, já tem as maiores reservas. Junto com os Estados Unidos, a China tem as maiores reservas de ouro do mundo e eles fazem muitos investimentos para pesquisa e desenvolvimento da indústria mineral no país. Vamos entrar em mais um grande player. Espero que seja realmente uma grande mina de ouro e que traga benefícios para a região onde está. Hoje, o mercado de ouro é um pouco diferente de outros produtos, Eu entendo que o ouro não tem muito problema como, por exemplo, se entra um novo player ou não, porque ele tem sempre seu valor. É uma moeda, é um produto que, quando a gente enxerga essas instabilidades geopolíticas e econômicas, ou em momentos de crise, como nós passamos, por exemplo, com a pandemia, ele tende a ser uma moeda até pela confiança, pela solidez que tem de opção para os investidores e faz com que os preços aumentem.
A produção do ouro no Brasil é para o mercado interno, é para exportação?
Nós fazemos exportação, mas também atendemos o mercado interno. Nós trabalhamos com 95% no externo e 5% no interno. Temos aqui no Brasil um cliente, que nos orgulha muito de ser fornecedor deles, que é a Vivara. E é uma afirmação, uma evidência de que estamos atendendo a 100% dos requisitos socio ambientais da nossa cadeia. Nós somos certificados pela LBMA. Nós somos a única empresa no Brasil que tem a cadeia integrada com produção de ouro, desde a pesquisa mineral até o refino. Temos toda a rastreabilidade do nosso ouro, que afere confiança nas empresas como a Vivara, porque sabendo que nosso ouro não é ilegal e que não tem nenhum tipo de ligação com nada que não seja o adequado.