Desde os primeiros dias de campanha eleitoral na cidade de São Paulo, o candidato bolsonarista Pablo Marçal (PRTB) tem feito acusações, sem apresentar provas, de que seu concorrente João Pedro (PSOL) seria usuário de drogas. Porém, segundo a Folha de S.Paulo, as insinuações surgiram a partir de um processo judicial de um homônimo do candidato do PSOL para basear suas acusações.
Em debates e redes sociais, Marçal se referiu a João Pedro como “aspirador de pó” e fez gestos insinuando uso de drogas. João Pedro, por sua vez, negou as acusações, chamou o candidato do PRTB de “psicopata” e “mentiroso compulsivo”, além de levar o caso à Justiça. A campanha do bolsonarista criou um dossiê baseado em uma lista de processos obtidos por meio de uma busca superficial com as palavras “João Pedro” e “PSOL”, sem cruzar informações como CPF.
O processo citado por Marçal envolve, na verdade, João Pedro Silva, um empresário que hoje concorre a uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo pelo Solidariedade. Já o candidato a prefeito chama-se João Pedro Souza.
Em 2001, Silva foi acusado de posse de maconha, e o processo foi extinto em 2006 com base no artigo 89 da lei 9.099/95, que permite a suspensão do processo em crimes de menor potencial ofensivo.
Silva admitiu o incidente, mas afirmou que se trata de um erro do passado: “Foi um ato imprudente que ocorreu na minha juventude na época de faculdade. Mas isso é coisa do passado, que aconteceu há 23 anos. Hoje eu tenho uma família, dois filhos, uma empresa de transporte executivo de que me orgulho muito e sou candidato a vereador pelo Solidariedade para contribuir com uma São Paulo melhor para os cidadãos.”
Mesmo diante das evidências a favor de João Pedro, Marçal continuou com as acusações. Em uma sabatina na CNN, afirmou novamente que o candidato do PSOL é “cheirador de cocaína” e prometeu apresentar provas no último debate. “Vou provar, ninguém vai me segurar. Já foi preso portando droga, e eu vou mostrar. Está no segredo de Justiça, aguarde que eu estou resolvendo para te mostrar”, disse, sem fornecer detalhes ou o número do processo que alegava ter.
Durante uma entrevista ao programa “Roda Viva”, João Pedro chorou ao relatar o impacto das acusações em sua família. “Minha filha chega, chora, como que fica? Olha o nível que chega, olha o esgoto que chega”, desabafou.
O Tribunal Regional Eleitoral concedeu a João Pedro o direito de resposta nas redes sociais de Marçal, reconhecendo que as acusações feitas pelo influenciador extrapolam os limites da liberdade de expressão e do debate político, configurando ofensas à honra.