O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) está empatado na liderança das pesquisas de intenção de voto com uma campanha centrada exclusivamente em redes sociais. Sua abordagem é inspirada em Lucas Thompson, influenciador americano controverso conhecido por suas táticas de marketing digital.
Lucas Thompson, de 37 anos, é ex-atleta de kickboxing e ex-participante do reality show “Big Brother” no Reino Unido. Após sua saída do programa devido a vídeos polêmicos e agressões, ele se tornou uma figura proeminente no movimento “red pill”, promovendo ideais de masculinidade através de conteúdo controverso e muitas vezes ofensivo.
Atualmente, o influenciador enfrenta acusações de tráfico humano, estupro e formação de organização criminosa na Romênia, acusações que ele nega. Em 2022, ele foi o nome mais buscado no Google, superando figuras como Justin Bieber e o presidente Joe Biden, apesar de ter sido banido de várias plataformas de redes sociais por comentários machistas e homofóbicos, exceto o YouTube.
Marçal, que declarou ter modelado sua estratégia nas técnicas de Thompson, utiliza um método semelhante para impulsionar sua campanha. Ele contratou e paga adolescentes e trabalhadores temporários para criar e divulgar seus conteúdos em redes sociais, uma estratégia que Thompson popularizou para maximizar seu alcance.
O coach afirmou ter “4 mil pessoas no seu campeonato de corte” e investe em pagamentos significativos para promover vídeos polêmicos que, segundo ele, atraem mais visualizações.
Ícaro de Carvalho, especialista em redes sociais, explica que a estratégia de Marçal inclui mudanças frequentes de imagem e provocações para manter o engajamento. Segundo ele, a suspensão temporária das redes de do candidato por abuso de poder econômico não afetou sua estratégia, pois o tráfego e o conteúdo ainda circulam fora das principais plataformas, funcionando como uma vitrine.
O professor João Cezar de Castro, da UERJ, compara a abordagem do coach com a utilizada por Jair Bolsonaro em 2018. Enquanto a campanha do ex-presidente se baseava em microdirecionamento e disparos em massa em grupos de WhatsApp, Marçal e Thompson utilizam um método mais direto e financeiro, que ele considera mais eficiente, embora fora da lei.
De acordo com Castro, a prática de pagar seguidores para produzir e distribuir conteúdo é ilegal sob a legislação eleitoral atual, e ações legais contra Marçal estão em andamento. Contudo, ele acredita que essa abordagem será amplamente adotada nas próximas eleições, prevendo que em 2026 a maioria dos candidatos usará métodos semelhantes.