Colher um hectare demorava até 25 dias manualmente, agora é menos de 4 horas com as máquinas. Foto Eduardo Moura MST no Maranhão

Por Mariana Castro
Da Página do MST

Cercados por monoculturas e uso intensivo de agrotóxicos, assentamentos do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) resistem e investem na produção de alimentos agroecológicos, com a retomada de plantios e colheitas coletivas de arroz, que desde 2024 passam a contar com o apoio de máquinas chinesas.

Os frutos dessa parceria e da luta pela terra no estado estarão disponíveis durante a 5ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, com as variedades de arroz vermelho, arroz torrado e arroz branco.

É um orgulho poder apresentar a cultura alimentar do nosso estado, que tem base muito forte no consumo de arroz, por meio de alimentos produzidos nos nossos territórios. Com o apoio das máquinas, aumentamos a nossa produção e mostramos à sociedade que podemos ir ainda mais longe, alimentando a população e garantindo o sustento das famílias, explica Alzerina Montelo, presidente da Cooperativa Mista das Áreas de Reforma Agrária do Vale do Itapicuru/MA (COOPEVI).

Praticamente todo o estado produz arroz, mas atualmente se destacam especialmente os assentamentos da baixada maranhense, próximos de São Luís, como os assentamentos Cristina Alves, Belém e Diamante Negro Jutaí.

Antes, os roçados eram feitos de maneira totalmente manual, conhecida como roça no toco, com o apoio da enxada, da foice e do facão, mas o avanço tecnológico tem chegado aos assentamentos para contribuir com o avanço da agroecologia Sem Terra.

No assentamento Diamante Negro Jutaí, localizado no município de Igarapé do Meio, mais de 15 famílias estão envolvidas no plantio de arroz, com o potencial de colher mais de 80 toneladas de arroz a cada safra, graças ao trabalho coletivo.

No assentamento Diamante Negro Jutaí, famílias retomam produção de arroz. Foto: Dam Andrade

A gente percebe que mais famílias estão voltando a plantar, porque estão acompanhando os avanços, as boas colheitas dos últimos anos e das parcerias que estamos conseguindo. Na próxima safra, nos próximos anos, eu acredito que a gente vai inclusive aumentar a quantidade de área trabalhada, explica Simião Maranhão, trabalhador rural do assentamento Diamante Negro Jutaí.

A produção dos assentamentos abastece o Armazém do Campo de São Luís, as feiras livres das cidades próximas, além de garantir acesso a programas de bancos de alimentos como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Para potencializar a produção, as cooperativas têm adquirido equipamentos para uso coletivo e receberam, em abril de 2024, duas colheitadeiras mecanizadas, por meio de uma cooperação internacional entre o Brasil e a Universidade Agrária da China para o desenvolvimento agrícola do Nordeste.

As máquinas ainda estão em fase de testes, mas já garantem grandes avanços, como o aumento da produtividade, com menos esforço de trabalho manual.

Pequenos produtores são os maiores beneficiados com a chegada das máquinas, por meio de cooperativas. Foto: Eduardo Moura MST no Maranhão

Nós já gastamos até 25 dias colhendo um hectare de arroz, e isso fez a gente refletir sobre como isso reduziu a produção de arroz do Maranhão na agricultura familiar. A gente implementou outras alternativas, como a roçadeira costal, e reduzimos de 25 dias para 6. E hoje, com as máquinas, estamos, até o momento, colhendo um hectare de arroz em 4 horas, com o auxílio da pequena máquina, comemora Elias Araújo, da COOPEVI.

Arroz maranhense na Feira Nacional

Durante os dias 8 a 11 de maio, o arroz maranhense estará disponível ao público no Parque da Água Branca, em São Paulo, seja com a possibilidade de levar para o preparo em casa ou provar quentinho no espaço Culinária da Terra, acompanhado do típico cuxá e galinha caipira.

*Editado por Fernanda Alcântara

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Last Update: 29/04/2025