O governador Eduardo Leite e card da campanha de solidariedade ao RS durante as enchentes.

Eduardo Leite é um político jovem, mas de ideias obsoletas, que acalenta mais que sonhos. Ele é movido pela obsessão compulsiva de ser candidato à presidência do Brasil.

Frustrado depois de perder para João Doria a [natimorta] candidatura do PSDB nas prévias de 2022, Leite então se auto-consolou com a reeleição ao governo do estado do Rio Grande do Sul. E ele só conseguiu se reeleger graças à decisão do PT de apoiá-lo para evitar o mal maior, que seria a vitória do candidato bolsonarista Onyx Lorenzoni.

No governo, Leite nunca governou de fato, só fez política, no pior sentido do termo; ou seja, converteu a máquina do governo gaúcho em comitê eleitoral permanente para alavancar seu desejo obsessivo de concorrer à presidência da República.

Lula até sugeriu-lhe candidatar-se ao Senado na eleição de 2026 para viabilizar uma barreira democrática contra a ofensiva extremista naquela Casa, mas Leite desdenhou do convite porque está decidido a se candidatar ou se associar à ultradireita em oposição ao próprio Lula.

No quinto mês do segundo ano do seu governo, em maio de 2024, o Rio Grande foi atingido dramaticamente pelo evento climático severo e seus efeitos catastróficos para a população e para a economia gaúcha.

Leite aproveitou a tragédia das enchentes como uma oportunidade de ouro, e surfou nas ondas da inundação para se projetar nacionalmente com um discurso hostil e oportunista contra o governo Lula.

É até compreensível que por mesquinharia política e antipetismo atávico o governador não consiga expressar a gratidão devida ao presidente Lula por tudo o que o governo federal fez e continua fazendo no esforço de reconstrução econômica, infra-estrutural, humanitária e social do Rio Grande do Sul.

O presidente Lula ao lado de Eduardo Leite, na época das enchentes no RS. Ao lado, o deputado Paulo Pimenta. Reprodução

O que não é admissível, no entanto, é a desonestidade política do governador, que se escora na mídia amiga para ocultar a autoria de iniciativas federais e para mentir sobre o inédito e mega-apoio da União a uma unidade da Federação depois da tragédia.

Na rememoração do primeiro ano das enchentes, Leite se superou no uso da máquina do governo gaúcho como comitê eleitoral e no oposicionismo sectário ao governo Lula.

Usando dinheiro público e funcionários do governo, o governador produziu e distribuiu um filme de caráter eleitoral cujo título é exatamente o mesmo do slogan da candidatura dele na eleição de 2022: “Todos Nós por Todos Nós”.

O filme tem a duração de 42 minutos e 14 segundos dum conteúdo laudatório e auto-promocional. Leite aparece em 9 minutos e 2 segundos, 21,83% do tempo total do filme.

A bancada do PT na Assembléia Legislativa denunciou este escândalo ao Ministério Público, entendendo que é “possível se concluir de forma objetiva que o filme não é sobre o papel dos gaúchos perante a tragédia de maio de 2024 e nem sobre o papel do Governo do Estado nos fatos, mas para exaltar a participação de Eduardo Leite nos eventos”.

O filme é uma peça de ficção que mente e esconde da população o papel decisivo do governo Lula durante a tragédia e na reconstrução do Estado.

E não é nada trivial o apoio do governo Lula ao RS. Ao todo, são 111,6 bilhões de reais reservados para o Estado em menos de um ano.

Desse montante, R$ 89 bilhões já tinham sido aplicados pela União até abril passado para recuperar a infraestrutura das cidades e das regiões; para estimular a economia local e regional mediante apoio a empresários da indústria, comércio, serviços e a trabalhadores autônomos; no repasse direto às famílias para a reconstrução das suas vidas; para a aquisição de moradias e, claro, em dinheiro depositado diretamente no cofre do governo estadual.

Para se entender a magnitude de tais aportes federais ao Rio Grande do Sul e que fizeram o PIB gaúcho crescer 4,9% em 2024, acima da média nacional de 3,4%: em 2024, o orçamento do governo estadual foi de R$ 83 bilhões, e, em 2025, é de R$ 86,6 bi.

Com essa dinheirama toda irrigando os cofres públicos e a economia gaúcha, Leite pode gozar a vida com prazer e circular à vontade nas festinhas e eventos com ruralistas no interior do RS, em convescotes com as elites financeiras no centro do país e em enclaves ultraliberais e conservadores no estrangeiro, como o do BTG Pactual em Nova Iorque há alguns dias.

O que Eduardo Leite menos faz é governar o Rio Grande do Sul. Nas redes sociais, ele ostenta a vida glamourosa e de celebridade que pode levar graças ao governo Lula. O que se vê ali é alegria, alegria; uma festa permanente.

No mundo virtual, o narcisista aparenta uma juventude descolada, que no entanto esconde o personagem real, dotado das mesmas idéias obsoletas, ultraliberais e antipetistas da vanguarda do atraso que historicamente condena o povo brasileiro ao retrocesso.

Recentemente, Leite viajou a São Paulo –numa sexta-feira normal, dia de trabalho [9/5], provavelmente com dinheiro público–, para uma atividade partidária.

Ele foi se filiar ao PSD para avançar seus movimentos no tabuleiro da eleição de 2026, que é só nisso que ele pensa e deseja desde 2022.

No fim, poderá ser consolado como candidato a vice do bolsonarista Tarcísio de Freitas, emprestando um falso verniz de moderação e modernidade à opção fascista das oligarquias dominantes contra Lula.

Originalmente publicado no blog de Jeferson Miola

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Last Update: 17/05/2025