Atores assinam manifesto contra instituições israelenses envolvidas em “genocídio e apartheid contra o povo palestino”

Um manifesto foi lançado nesta segunda-feira (8), assinado por cerca de 1.800 profissionais do cinema ao redor do mundo, comprometidos a não trabalhar com instituições israelenses que estão envolvidas em “genocídio e apartheid contra o povo palestino”.

Entre os signatários estão 1.200 cineastas, incluindo Yorgos Lanthimos, Ava DuVernay, Asif Kapadia, Boots Riley e Joshua Oppenheimer, além de atores como Olivia Colman, Mark Ruffalo, Tilda Swinton, Javier Bardem, Riz Ahmed e Julie Christie.

Desde então, outros 600 profissionais, como Emma Stone, Jonathan Glazer, Peter Sarsgaard e Lily Gladstone, aderiram ao movimento. Em seu manifesto, os signatários afirmam reconhecer “o poder do cinema de moldar percepções” e se comprometem a agir contra a “carnificina em Gaza”.

“Atendemos ao chamado dos cineastas palestinos, que pediram à indústria cinematográfica internacional para não permanecer em silêncio diante do racismo e da desumanização, e para ‘fazer tudo humanamente possível’ para acabar com a cumplicidade em sua opressão.

Inspirados pelo movimento Filmmakers United Against Apartheid, que se recusou a exibir filmes na África do Sul durante o apartheid, comprometemo-nos a não exibir filmes, participar ou trabalhar de qualquer forma com instituições cinematográficas israelenses — incluindo festivais, cinemas, emissoras e produtoras — que estejam implicadas em genocídio e apartheid contra o povo palestino”, diz o texto.

O manifesto lembra que a cumplicidade inclui ações como limpeza de imagem ou justificativa de genocídio e apartheid, ou parcerias com o governo envolvido nesses crimes. Destaca ainda que importantes festivais de cinema israelenses — como o Festival de Cinema de Jerusalém, o Festival Internacional de Haifa, o Docaviv e o TLVfest — continuam a colaborar com o governo israelense enquanto este realiza atos que especialistas reconhecem como genocídio contra palestinos em Gaza.

O pacto segue outros boicotes culturais a Israel e suas instituições. Em maio, mais de 300 escritores britânicos e irlandeses assinaram carta aberta denunciando o genocídio em Gaza. O Royal Ballet e a Royal Opera do Reino Unido cancelaram uma temporada programada para 2026 na Ópera de Tel Aviv após 182 membros assinarem carta criticando a postura da organização em relação à situação em Gaza.

Em resposta, representantes da indústria israelense consideram o boicote problemático e contraproducente. Nadav Ben Simon, presidente da associação de roteiristas de Israel, declarou nesta terça-feira (9) que as medidas atingem diretamente criadores e não apenas instituições.

“Por décadas, cineastas e artistas israelenses têm dado voz a narrativas palestinas, criticando políticas governamentais e promovendo o diálogo. Boicotar criadores israelenses prejudica precisamente aqueles que trabalham pela reconciliação e compreensão”, afirmou.

Simon e outros representantes, como Lior Elefant e Merav Etrog Bar, destacam que a maioria das produções cinematográficas em Israel depende de financiamento público, tornando qualquer boicote institucional inevitavelmente um boicote aos criadores.

“Agradecemos aos colegas ao redor do mundo por não permanecerem indiferentes à violência. Esperamos que, com seu apoio, possamos pressionar por mudanças e pelo fim da guerra”, disse o cineasta israelense Avigail Sperber.

 

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Last Update: 10/09/2025