Nesta segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025, o campus Torquato Neto da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) foi palco de manifestação organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e por centros acadêmicos da instituição. O protesto, que marcou o primeiro dia letivo do semestre, teve como objetivo denunciar a grave situação de precarização enfrentada pela universidade e criticar as políticas do governo estadual para a educação superior.
Geovana Moraes, estudante de História e integrante da juventude Rebeldia, uma das organizadoras do ato, destacou os principais problemas que afetam a Uespi:
Há 10 anos não temos uma biblioteca no campus Torquato Neto. Além disso, enfrentamos a falta de professores em praticamente todos os cursos e a ausência de políticas de permanência estudantil que garantam condições dignas para os alunos.
A estudante também criticou o governo do estado, liderado por Rafael Fonteles (PT), pela criação da Faculdade PIT, instituição voltada para os interesses das grandes empresas. Segundo Geovana, a iniciativa representa um desvio de recursos que deveriam ser destinados à Uespi, agravando o processo de precarização e privatização da educação superior no Piauí:
Enquanto o governo investe em projetos que servem ao setor privado, a UESPI sofre com cortes orçamentários e falta de estrutura. Isso é inaceitável.
A reitoria da Uespi também foi criticada pelos manifestantes, por causa da total submissão da administração superior ao governo.
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Geovana Moraes, estudante de História e integrante do coletivo Rebeldia
A manifestação, que agitou o campus Torquato Neto, também serviu como um ato de boas-vindas aos calouros, que chegam à universidade em um momento de intensa mobilização estudantil. Os organizadores reforçaram a importância da união dos estudantes na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade.
O protesto, que teve apoio do Sindicato dos Docentes da Uespi (Adcesp), contou com a participação de cerca de 120 estudantes que carregavam faixas e cartazes com frases exigindo melhorias imediatas na universidade. A mobilização também chamou a atenção para a necessidade de fortalecer as políticas de assistência estudantil, como bolsas de moradia, e a construção de restaurantes universitários nos campi (estrutura que não existe em nenhum campus da Instituição) e essenciais para garantir a permanência dos alunos na universidade.
A Uespi, uma das principais instituições de ensino superior do Piauí, enfrenta há anos desafios estruturais e financeiros que impactam diretamente nas condições de estudo e trabalho na universidade. A manifestação de hoje reforça a urgência de soluções por parte do poder público e a resistência dos estudantes contra o desmonte da educação estadual.
Enquanto o governo estadual não se posiciona sobre as reivindicações, os estudantes prometem manter a pressão. “Não vamos nos calar diante do descaso. A Uespi é nossa, e vamos lutar por ela”, concluiu Geovana Moraes, ecoando o sentimento de todos os presentes no ato.
SOLIDARIEDADE – Durante a manifestação, professores e estudantes da Uespi manifestaram apoio aos trabalhadores e trabalhadoras da educação básica estadual no Piauí que iniciaram greve por tempo indeterminado. O movimento reivindica, dentre outras pautas, recomposição de perdas salariais, plano de carreira, e concurso para pessoal efetivo.