
Os times ruins adotavam no futebol o sistema de rodízio de faltas para tentar conter os craques adversários. Jogadores eram encarregados de bater, cada um de uma vez, para que um mesmo infrator não cometesse todas as faltas.
A arbitragem passou a identificar o rodízio e a punir com cartão amarelo o jogador que completa uma rodada organizada de infrações em campo, geralmente contra o mesmo alvo.
No jornalismo das corporações, essa é a tática para bater em Janja. Vários anti-Lula foram escalados para atacá-la em sequência, alternando homens e mulheres.
Na Folha, o escalado de hoje é Demétrio Magnoli. O Olavo de Carvalho que não deu certo diz, sobre o caso de Pequim, que Janja “revelou a ignorância típica dos ativistas”.
E fala de novo o que todos os faltosos repetem quando tentam derrubar Janja. Que ela desrespeita protocolos porque o marido é leniente e permite que a mulher fale o que bem entende. Janja é imprevisível e dribla demais e isso irrita os manés.

Magnoli dá uma aula de bons modos a Janja, por ter avisado que não será calada por protocolos. Assim ela acaba, diz ele, “acendendo a tocha de um curioso feminismo amparado em atributos do marido”.
Entenderam a tocha? Os atributos do marido? Magnoli quer dizer que, por ser mulher de Lula, que tem voto, ela não pode se achar no direito de bancar a feminista e dizer o que quer, porque não tem voto.
Ele escreve: “O protocolo, aqui, não é uma norma burocrática anacrônica, mas a fronteira que assinala a distinção entre o público (a soberania popular) e o privado (o laço de casamento)”. Lula tem representação pública e Janja tem apenas laços privados e por isso deve se comportar.
Magnoli é da turma de compadres e comadres da GloboNews. Geralmente fica meio isolado com suas posições alinhadas à extrema direita e já foi enquadrado por colegas, em especial Flavia Oliveira, por defender fascistas, como Marine Le Pen.
Mas desta vez está batendo direitinho, também em seu espaço na Folha, porque a tática desses times, na TV e no jornal, é a de fazer faltas alternadas em Janja. A direita é sempre muito bem organizada.