Em meio a incertezas sobre 2026, Malafaia reforça o discurso de lealdade e acusa aliados de se articularem pelas costas de Bolsonaro
O pastor Silas Malafaia, líder evangélico e um dos principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que “urubus estão se articulando” diante da possibilidade de prisão do ex-presidente. A declaração, segundo aliados ouvidos pelo Metrópoles, foi interpretada como um recado dirigido ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e aos presidentes de partidos do Centrão, entre eles Gilberto Kassab (PSD), o senador Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil).
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“Estão pensando que se prenderem Bolsonaro na covardia, ele vai estar fora do jogo eleitoral de 2026. Vai estar mais forte do que nunca! Façam reuniões, combinem, nenhum de vocês será nada sem Bolsonaro.
Não esqueçam de Michelle Bolsonaro, a melhor avaliada depois do próprio Bolsonaro. Os urubus vão ficar com fome. Não vai ter carniça para eles!”, escreveu Malafaia, sem citar nomes.
A mensagem foi disseminada rapidamente por aliados do ex-presidente, que confirmaram tratar-se de um alerta direto aos políticos que estariam buscando protagonismo à sombra de Bolsonaro.
O ex-presidente está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas tem insistido que conseguirá reverter sua situação e ser candidato em 2026. Internamente, ele costuma mencionar, de forma reservada, familiares como possíveis substitutos.
A direita brasileira conta com uma série de pré-candidatos dispostos a ocupar o espaço político deixado por Bolsonaro.
Entre os nomes já declarados estão os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR), Eduardo Leite (PSD-RS) e Ronaldo Caiado (União-GO). Tarcísio de Freitas ainda não anunciou oficialmente sua candidatura, mas é visto como uma opção viável tanto pelo bolsonarismo quanto por setores da Faria Lima.
A movimentação tem incomodado membros do PL e do círculo mais próximo de Bolsonaro. Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo — uma das maiores igrejas evangélicas do país —, mantém-se como um dos mais firmes defensores do ex-presidente, resistindo aos acenos de outros pré-candidatos da direita.
Por outro lado, parte do Centrão alinhada à oposição defende que esses novos nomes testem suas forças nas ruas.
O objetivo é mensurar a aceitação de um possível candidato de direita que não seja Bolsonaro, diante da disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). PSD, União Brasil e PP devem continuar negociando até o último momento se formarão uma frente comum contra o petista ou manterão cargos no governo federal.