A maior parte dos estados do Brasil enfrenta a pior seca em décadas. Com problemas que vão da exposição dos rios às queimadas que chegam às cidades, não há região do país que não sofra com as consequências de uma seca que sufoca e alastra incêndios.
O cenário foi traçado pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), divulgado no início desta semana. Segundo o órgão, dezesseis estados, além do Distrito Federal, vivem a pior estiagem, considerando o período de maio a agosto, em 44 anos.
A lista é longa e mostra como a seca atinge o país, de Norte a Sul. Os estados apontados pela Cemaden são os seguintes: Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Bahia, Maranhão e Piauí, além do Distrito Federal.
Apesar da extensão territorial da seca, nem todos os estados são atingidos da mesma maneira. Há casos em que a falta de chuvas é mais intensa, a exemplo do norte de São Paulo, leste do Mato Grosso do Sul, oeste do Mato Grosso e sudoeste de Goiás.
Para chegar ao monitoramento, o Cemaden atualiza o que costuma chamar de “índice de seca”, que apresenta diferentes classificações. Segundo o órgão, 3,8 mil cidades brasileiras estão, neste momento, sob alguma classificação de seca.
O número é alto e se expande. A quantidade de municípios nessa condição cresceu cerca de 60% nos últimos dois meses. A expectativa, segundo o Cemaden, é que o cenário possa piorar até o fim de agosto.
No Sudeste, praticamente não há cidade que não esteja em situação de seca: são 1.666 das 1.668 da região.
Por conta da situação, os incêndios se alastram pelo país, atingindo, por exemplo, cidades do interior de São Paulo, no Pantanal e no Amazonas. No último dia 27, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal deve mobilizar, em até quinze dias, um amplo rol de agentes das mais diferentes Forças para tratar dos incêndios.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país experimenta, em 2024, um aumento de 78% nos focos de incêndio. Foram 109.943 registros no ano contra 61.718 em 2023, de janeiro a agosto.