A prepotência é herdada desde a infância: a filha de Maira Cardi e Arthur Aguiar (é preciso mencionar essa gente? Eu me pergunto frequentemente) foi filmada falando sobre o celular de um cozinheiro que a servia. “Celular de pobre”, disse a menina.
A mãe, presente no momento constrangedor, não repreendeu a criança.
A menina, que certamente é submetida a um tipo de educação doméstica que a faça se sentir melhor do que os outros, já externaliza o ódio de classes típico de grande parte da elite brasileira.
A falta de consciência de classe é a questão mais latente, mas há ainda outra: ao tentar humilhar o cozinheiro, a criança fala como se ser pobre fosse um defeito a ser corrigido, exatamente, é claro, como pensam seus pais.
A pequena herdeira rodeada de luxo e riqueza nunca teve a oportunidade – os filhos dos ricos não a têm – de conhecer a vida como ela é. Talvez se torne adulta sem se dar conta da abissal desigualdade social em seu país, o que cria uma legião de ricos alienados e plenamente satisfeitos com seus privilégios.
A educação dispensada a essa criança é, claramente, uma educação excludente, um tipo de educação irresponsável que tem lotado o mundo de pessoas desprezíveis.
Pra não ser cancelada, a mãe do ano decidiu colocar a culpa no ex-marido e pai da criança.
Há porém um ponto em que a história não fecha: como a prepotência da criança é aprendida na convivência com o pai se essa convivência, segundo a própria Maira, não existe?
Como diria minha mãe, “eu dou um pelo outro e não quero troco”: Maira e Arthur são farinha do mesmo saco, parte de uma elite branca deslumbrada e que odeia pobre, como sempre odiou.
Essa gente indigesta não se contenta em ser mesquinha e prepotente: faz questão de trazer ao mundo crianças que se tornarão adultos mesquinhos e prepotentes.
A elite brasileira é um verdadeiro chorume.
Que essa criança, nem que seja por milagre, aprenda que ser pobre não é defeito nem castigo, ser pobre é uma condição alimentada por gente como seus pais.