Está bastante claro, para a maioria dos brasileiros, que Jair Bolsonaro (PL) agiu deliberadamente ao atentar contra a democracia, a soberania e as instituições brasileiras nos episódios envolvendo a incitação de Donald Trump nas chantagens lançadas contra o Brasil para livrar o ex-presidente do processo por tentativa de golpe. E por isso mesmo, a maioria julga como justa sua prisão domiciliar.
Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (25), 55%, acredita que a prisão domiciliar de Bolsonaro é justa e 52% acreditam que ele está envolvido na tentativa de golpe de Estado, pelo qual será julgado a partir do dia 2 de setembro.
Os que têm opiniões contrárias a estas duas posições — ou seja, julgam como injusta a prisão domiciliar e não veem participação de Bolsonaro na trama golpista — somam, respectivamente, 39% e 36%. Os que não souberam ou não quiseram responder (NS/NR) ficaram em 6% e 10%.
Entre as pessoas de esquerda ou que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 80% concordam ter havido tentativa de golpe; já entre os bolsonaristas ou de direita, 70% discordam. Os que se dizem de centro também acreditam majoritariamente na possibilidade de tentativa de quebra democrática, somando 58%.
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As informações traduzem uma posição bastante consciente da população, uma vez que 84% dizem saber da prisão domiciliar do ex-presidente. A medida foi decretada após Bolsonaro não cumprir com as cautelares estabelecidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), entre as quais estavam o não uso das redes sociais — e Bolsonaro fez chamada de vídeo durante manifestação em sua defesa, o que configura quebra das restrições.
O instituto também perguntou o motivo pelo qual o entrevistado acreditava que o ex-presidente participou da chamada de vídeo. Também neste caso, a credibilidade do ex-mandatário mostra-se abalada: 57% acham que ele fez isso de propósito para provocar Moraes, enquanto 30% dizem que ele não teria compreendido bem as regras impostas pelo ministro; 13% ficaram no NS/NR.
Neste caso, as sanções determinadas por Moraes dizem respeito aos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, pelos quais o ex-presidente e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram indiciados na semana passada.
O processo tem como foco a atuação de ambos — e de aliados como o jornalista Paulo Figueiredo e o pastor Silas Malafaia, que são investigados — nas ameaças de Donald Trump contra o Brasil em troca da anistia a Bolsonaro.
A pesquisa ouviu 12.150 pessoas entre os dias 13 e 17. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiabilidade de 95%. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos.