A pressão do imperialismo levou Lula a falar o que não precisava. Ele criticou Maduro, inclusive ao lado do direitista Emmanuel Macron.

O governo venezuelano é um aliado histórico e necessário não só de Lula, mas de todos os brasileiros. Portanto, as declarações de Lula parecem ter sido pouco pensadas e certamente foram resultado da pressão que o imperialismo exerce sobre o governo brasileiro e contra a Venezuela.

Para mitigar a crise que se abriu, o assessor especial de Assuntos Internacionais de Lula, Celso Amorim, confirmou que estará na Venezuela para acompanhar as eleições e apaziguar a situação.

Um dos problemas da fala de Lula é que justamente instiga uma parte de seus apoiadores, em particular os mais influenciados pelo imperialismo, a atacar um aliado importante como Maduro. No portal Brasil 247, Alex Solnik não se segurou e publicou um artigo criticando o presidente venezuelano: Quem tem um amigo como Maduro não precisa de inimigos.

Apenas pelo título, deveríamos perguntar para Solnik quem deveria ser amigo. Será que os melhores amigos para Lula são aqueles que promovem um genocídio na Palestina? Ser inimigo de Maduro implica em ser amigo desses e ser amigo desses implica em ser um apoiador de genocidas.

Solnik não tem as coordenadas políticas. Ele acredita em Biden e sua turma de genocidas: Maduro se comprometeu com eleições livres e limpas e Biden, acabar com as sanções. Não haveria mais travas para a economia da Venezuela. Nem mesmo uma criança seria capaz de acreditar em tal coisa. Desde quando o governo norte-americano é confiável para algum acordo? Outra coisa, a afirmação de Solnik não leva em conta o básico: acabar com as sanções não é nenhuma bondade de Biden. As sanções são um crime internacional promovido pelo imperialismo.

Se Maduro fez um acordo, é simplesmente porque a Venezuela precisa se livrar das sanções criminosas. Mas acusar Maduro de não cumprir com o acordo é uma canalhice. O povo venezuelano organiza as eleições como bem entender e os EUA nunca deveriam ter colocado sanções. Um é crime, outro é problema de autodeterminação nacional.

Solnik instiga a crise com Maduro e entra na onda dos jornais burgueses que distorceram sua fala sobre o banho de sangue: Outro dia, pesquisas mostrando adversário com 60%, Maduro ameaçou com um banho de sangue se não se reeleger. Mas não foi isso que o presidente venezuelano falou, ele não ameaçou ninguém, apenas afirmou que se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida como resultado dos fascistas, garantimos o maior sucesso, a maior vitória na história eleitoral. Maduro está dizendo o óbvio, que se a direita fascista, apoiada pelo imperialismo, ganhar, o país sofrerá com a violência promovida por esses setores.

Lula, que deveria ter compreendido o que disse Maduro, acabou dizendo que ficou assustado com a fala e deu uma lição de moral desnecessária no venezuelano, o que o obrigou a responder. Ou seja, verdade seja dita, quem começou o bate-boca indo se intrometer nos negócios do vizinho foi Lula.

Maduro, que não é bobo, respondeu à altura, dizendo que a eleição no Brasil não é auditável, uma verdade. Mas verdade ou não, fato é que Maduro só falou das eleições brasileiras porque falaram das eleições venezuelanas. Mas de nenhum modo, Maduro contestou a eleição de Lula. Mas Solnik não quer saber da história, ele logo começa a repetir o que a imprensa burguesa, pronta para atacar Maduro, está falando: Maduro recomendou chá de camomila para os assustados e garantiu, do alto de seus quase dois metros e com aquele vozeirão, que as urnas brasileiras não são confiáveis. Ou seja: colocou em dúvida a eleição de Lula.

E para terminar, Solnik ainda faz a calúnia: Um presente para Bolsonaro. Já explicamos que quem não devia ter se metido a falar da eleição vizinha é Lula. Quem acaba dando um presente a Bolsonaro e para toda a direita mundial, é a esquerda que está atacando Maduro, diferentemente do que afirma Solnik, um aliado de primeiro plano de Lula.

Por fim, a crítica às eleições brasileiras, crítica com a qual concordamos com Maduro, não foi a Lula. Quem organiza as eleições é o TSE, tribunal nada democrático que, inclusive, já deixou Lula de fora das eleições para eleger quem? Jair Bolsonaro.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 26/07/2024