O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito para seu terceiro mandato, segundo o Conselho Nacional Eleitoral. O anúncio ocorreu por volta de 1h10 (de Brasília) nesta segunda-feira 29, mais de seis horas após o encerramento da votação. segunda-feira 29, mais de seis horas após o encerramento da votação.
Ainda na noite de domingo, o chefe da campanha de Maduro, Jorge Rodríguez, sugeriu que o presidente havia vencido a eleição contra Edmundo González.
Com 80% dos votos computados, Maduro tem 51,20% dos votos, contra 44,2% de González, de acordo com o Conselho. “O boletim marca uma tendência contundente e irreversível”, afirmou Elvis Amoroso, presidente do órgão. Participaram da eleição cerca de 59% dos eleitores aptos a votar.
Segundo Amoroso, um problema na transmissão dos dados atrasou a divulgação do resultado. Até a última atualização desta matéria, os líderes oposicionistas não haviam reconhecido a derrota.
Minutos depois da confirmação, Maduro discursou a apoiadores em Caracas e afirmou que o resultado marca “o triunfo da independência nacional e da dignidade do povo”. Ele também pediu “respeito à vontade popular”.
“Haverá paz, estabilidade, respeito à lei e justiça depois de 28 de julho, a partir de hoje”, afirmou. “Não puderam com as sanções, com as agressões, com as ameaças. Não puderam agora e não poderão jamais.”
Horas antes do anúncio do CNE, González se disse “mais do que satisfeito”, em um pronunciamento ao lado de María Corina Machado, principal liderança da oposição, inabilitada pela Justiça venezuelana.
“Queremos pedir a todos os venezuelanos que fiquem em seus centros de votação, que estejam lá em vigília”, declarou Corina. “Lutamos todos esses anos para este dia. Esses são os minutos cruciais.”
Maduro, por sua vez, alegou que o sistema eleitoral “é de altíssimo nível de confiança, segurança e transparência”.
“Digam-me em que país se faz uma auditoria no sistema eleitoral. Não quero citar países, deixo apenas para sua reflexão: que país revisa seu sistema eleitoral para assegurá-lo? A Venezuela”, declarou.
Depois de um processo eleitoral marcado por disputas acirradas com as forças de oposição, especialmente Corina e González, Maduro terá o desafio de conduzir a Venezuela rumo à estabilidade política.
No poder desde 2013, ele deverá dar continuidade até 2030 ao sistema implementado por seu antecessor, Hugo Chávez.
Nascido em Caracas, Nicolás Maduro exerceu o cargo de ministro das Relações Exteriores entre 2006 e 2012, quando foi alçado à vice-Presidência. Chegou ao poder após a morte de Chávez.
Foi o próprio Chávez quem, já doente, determinou o futuro político do aliado. Em seu último pronunciamento em rede nacional, no fim de 2012, o “comandante” disse que tinha uma opinião “firme, absoluta e total” de que a Venezuela deveria eleger Maduro no pleito marcado para o ano seguinte.
Durante seus mais de dez anos de governo, o país atravessou severos problemas econômicos. O argumento principal do governo Maduro é que a crise resulta das sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, o que a oposição contesta.
Principal fonte de recursos da Venezuela, o petróleo ilustra as idas e vindas da economia sob Maduro. Em 2013, segundo a Opep, o país produziu cerca de 2,4 milhões de barris diariamente. Quase dez anos depois, em 2022, a produção não passava dos 720 mil barris diários.
Por outro lado, o passado recente mostra certa recuperação econômica. A produção industrial avançou 16,9% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2023, de acordo com a Confederação Venezuelana de Industriais.