O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, amanheceu nesta quarta-feira (01) anunciando que está “pronto” para apresentar 90% das atas eleitorais que estão em suas mãos. No entanto, o anúncio do boletim pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foi cancelado.

Não há informações sobre a razão para o adiamento do anúncio, e tampouco há uma confirmação de horário para a divulgação referida pelo presidente. Maduro, contudo, entrou com um recurso no Tribunal Supremo de Justiça do país para que as atas eleitorais sejam periciadas.

Isso porque, para o presidente venezuelano, se a oposição afirma estar em posse de também cópias das atas eleitorais, a legalidade destes documentos precisa ser confirmada.

Maduro não confirma ter 100% das atas

Na fala de Maduro, ele não confirmou ter 100% das atas de todas as seções eleitorais do país, e sim que irá apresentar 90% dos registros que “estão em nossas mãos”.

“O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) está pronto para apresentar 90% dos registros eleitorais que estão em nossas mãos e espero que a sala eleitoral [do TSJ] faça o mesmo com cada candidato e cada partido”, disse, nesta quarta (01).

Como funciona e a segurança das eleições da Venezuela

O processo eleitoral na Venezuela é considerado um dos mais seguros do mundo. É feito com a votação dos eleitores em urnas eletrônicas, que após o voto, imprimem um comprovante do candidato escolhido e este comprovante é inserido dentro de uma urna física. Em pelo menos metade das seções eleitorais, os fiscais fazem uma contagem manual, conferindo se houve ou não disparidades entre o que foi registrado pela máquina e o que foi impresso.

Ainda, após o encerramento da votação, a máquina eletrônica imprime uma ata com todos os votos daquela urna. Ao mesmo tempo, por meio de transmissão telefônica ou satélite, os votos são encaminhados a uma central do CNE, que obtém o resultado da votação logo nas primeiras horas. Por isso, o CNE consegue divulgar os resultados, que consegue ser confirmado após a contagem manual.

O que diz a oposição

Logo na segunda-feira (29), a oposição alegou ter tido acesso a 40% das atas impressas e que elas mostravam uma vantagem considerável do candidato da oposição, Edmundo González, de uma diferença de quase 30 pontos. Na prática, isso representaria a vitória de González, ainda que se referindo a somente 40% das seções.

A oposição também afirma ter coletado denúncias de que foram impedidos de acompanhar a totalização dos votos no CNE, na madrugada de segunda-feira, e que militares levaram urnas com comprovantes de votos, impedindo o acesso às atas. Ainda, durante a transmissão das urnas eletrônicas à central da CNE, o presidente Nicolás Maduro afirmou que o sistema foi alvo de um ataque hacker, que atrasou o envio das informações, mas não teria impedido.

Maduro quer perícia das atas da oposição

Nas eleições 2024, mais de 30 mil mesas de votação emitiram a as atas eleitorais. A oposição afirma ter tido acesso a boa parte dessas atas. Maduro também afirma que já tem acesso a esses registros, sem confirmar a quantidade.

Alegando receio de manipulação pela oposição, o presidente pediu ao Judiciário do país que faça a perícia dessas atas divulgadas pelos partidos e prometeu que irá divulgar a totalidade das que o PSUV teve acesso.

Maduro pediu ao Tribunal que “compare todas as evidências e certifique-se fazendo uma perícia do mais alto nível técnico dos resultados eleitorais das eleições de 28 de julho, que sejam dos tribunais da República”.

Ele afirmou que quer “resolver este ataque contra o processo eleitoral, essa tentativa de golpe de Estado, usando o processo eleitoral, e esclarecer tudo o que precisa ser esclarecido sobre esses ataques, sobre esse processo”.

Tentativa de golpe irá a Justiça, diz Maduro

Ainda nesta linha, o representante da Venezuela afirmou que os líderes da oposição, por tentarem aplicar um golpe de Estado, devem enfrentar a Justiça. “Como chefe de Estado, eu diria que deve haver justiça. Eles devem parar de se esconder e devem comparecer ao escritório do procurador”, afirmou.

Desde o último domingo (28), mais de 1 mil pessoas foram presas, segundo o Ministério Público do país, em meio a manifestações e atuações da oposição pela derrocada de Nicolás Maduro.

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Última Atualização: 01/08/2024