Passado quase um mês das eleições presidenciais fraudulentamente manipuladas pelo regime de Nicolás Maduro, o impasse segue no país. De um lado, a repressão da ditadura já foi responsável pela morte de 25 pessoas, além de outras 192 feridas e mais de 2 mil detidas, segundo o próprio governo. Por outro, seguem os protestos espontâneos da população e dos setores mais pobres.
Com a falta de uma alternativa à esquerda ao chavismo, as manifestações são aproveitadas pela oposição de direita, na qual os trabalhadores não devem depositar confiança alguma ou apoio político.
Essa direita é liderada por María Corina Machado, uma representante da burguesia entreguista pró-EUA, que vem tentando manter a pressão sobre Maduro, sem, no entanto, bater de frente com as Forças Armadas, nas quais pretende se apoiar e utilizar, uma vez consiga o poder.
O governo Maduro, após a decretação de sua “vitória” pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo governo, aprofundou a repressão através da Guarda Nacional Bolivariana e da Polícia Nacional Bolivariana, além dos grupos paramilitares pró-governo, conhecidos como “coletivos”.
A Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), seção da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), e partido-irmão do PSTU no país, denuncia o que vem sendo chamado de “operação tun tun”, que consiste, “na prática de denúncia e posterior captura de pessoas que manifestam sua oposição ao governo”.
Maduro insiste na fraude
O regime de Maduro, apoiado nos imperialismos chinês e russo, reforça sua aposta na fraude eleitoral. O próprio Maduro pediu ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) a validação do resultado e, enquanto fechávamos esta edição, o órgão, controlado pelo governo (como todas as outras instituições jurídicas e políticas do país), iniciava a “recontagem” dos votos.
Não é preciso ser vidente para adivinhar o resultado que sairá disso. Assim como a justiça venezuelana chancelou a impugnação de sucessivos candidatos da oposição, inclusive de esquerda, cassando o registro e candidaturas, vai reafirmar a fraude e continuar legitimando a ditadura de Maduro.
O vai-e-vem dos EUA e do Brasil
Diante da fraude e dos protestos espontâneos que acirraram a crise, os Estados Unidos chegaram a ensaiar a exigência de novas eleições, como Biden chegou a defender. A Casa Branca, porém, logo voltou atrás e desmentiu a proposta. Artigo do “Wall Street Journal” divulgou que os EUA estariam propondo uma anistia a Maduro, em troca de uma transição no governo, o que também foi posteriormente negado.
Após elevar o tom contra o governo, os EUA parecem estar dando um passo atrás, investindo numa saída negociada, em prol de seus representantes diretos no país, María Corina e o seu fantoche, o ex-candidato Edmundo González.
Governo Lula continua legitimando a ditadura
Já o governo Lula vem mudando o tom em relação às eleições. Num primeiro momento, Lula disse que a eleição “não teve nada de anormal”. Seu assessor internacional, Celso Amorim, esteve presente no país, chancelando todo o processo que, desde o início, já não era legítimo, devido às perseguições aos opositores.
Com o escancaramento da fraude, Lula foi obrigado a mudar o discurso, dizendo que a Venezuela não era uma ditadura, mas um “regime muito desagradável”, e defendendo a divulgação das atas eleitorais.
Depois de ensaiar a exigência de novas eleições, com a formação de um governo de Unidade Nacional, a última posição do governo brasileiro foi a de esperar a decisão da justiça Venezuelana. “Vamos esperar porque, agora, tem uma Suprema Corte que está com os papéis para decidir”, afirmou Lula.
Saída
Organização operária, popular e democrática! Unidade de ação para garantir a autodefesa e derrotar a repressão
Diante da repressão da ditadura e da direita pró-imperialista norte-americana, a UST chama a organização independente da classe: “Acreditamos ser pertinente construir a mais ampla unidade de ação de todos os setores democráticos, combativos, populares, estudantis e operários, para, a partir dos bairros, discutir e realizar ações para, principalmente, nos defendermos da repressão, nos protegermos e enfrentarmos os abusos policiais e parapoliciais, bem como construirmos amplas mobilizações que sejam capazes de derrotar a operação repressiva”.
Este é o caminho para a construção de uma alternativa de esquerda, revolucionária, socialista e anti-imperialista, apontando o caminho da independência de classe dos trabalhadores, que derrote a ditadura capitalista de Maduro e, também, consiga impor uma derrota para a oposição de direita pró-imperialista de Corina.