O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em campanha para um terceiro mandato, acusou seu principal rival na eleição de 28 de julho de planejar um suposto golpe de Estado, após o opositor se recusar a assinar um acordo proposto pelo chavismo para respeitar os resultados eleitorais.
“Ontem assinamos um acordo de paz na Venezuela, por respeito aos resultados eleitorais, por respeito ao árbitro. De 10 candidatos, assinamos oito”, disse Maduro a seus apoiadores em Maturín, no leste. “Os dois fantoches da oligarquia deixaram de assinar. Por que acham que não assinaram o acordo para respeitar o CNE e os resultados? Porque pretendem gritar fraude, porque pretendem trazer o golpe de Estado.”
Sem citar nomes, Maduro se referiu a Edmundo González, candidato da principal coligação opositora do país, que qualificou o acordo assinado no Conselho Nacional Eleitoral, pró-governo, de “imposição unilateral”.
González, um diplomata de 74 anos, é o representante da Plataforma Unitária, após a desqualificação da líder María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição realizadas em outubro passado.
O reconhecimento dos resultados já fazia parte do acordo assinado em 2023 entre o governo e a oposição em Barbados, com a mediação da Noruega e a participação dos Estados Unidos, disse González em comunicado.
O outro que não assinou é Enrique Márquez, ex-reitor da CNE, candidato independente e considerado uma opção “sobressalente” caso González seja afastado da disputa em meio a uma perseguição que totaliza 38 ativistas presos, segundo alega a oposição.
Maduro os repreendeu por se recusarem a assinar o documento que surgiu após a proposta de vários líderes chavistas, incluindo o próprio presidente. “Por que assinei? Porque se me inscrevi, tenho que respeitar o árbitro. Segundo, porque quero a paz e o melhor para a Venezuela. E terceiro, mas não conte a ninguém: porque sei que vamos vencer por por surra, por nocaute.”
Além do presidente, os únicos que assinaram são sete candidatos sem peso nas pesquisas e acusados pela oposição de serem colaboradores do governo.
Embora a campanha eleitoral comece oficialmente em 4 de julho, tanto Maduro quanto Machado – a alma da mobilização da oposição – lideram comícios há meses em todo o país.