O presidente francês, Emmanuel Macron, reuniu-se com a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, em sua rodada de consultas para nomear um novo primeiro-ministro, enquanto aumenta a pressão para superar quase dois meses de bloqueio político.
A França está em um limbo político desde as eleições legislativas de dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho, nas quais a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) terminou em primeiro lugar, com 193 das 577 cadeiras na Assembleia.
Apesar de estar longe da maioria absoluta de 289 deputados, a NFP, formado por socialistas, comunistas, ecologistas e pelo partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), pede para formar um governo e propõe o nome de Lucie Castets, economista de 37 anos.
O presidente de centro-direita recusou por enquanto nomeá-la como chefe de Governo, considerando que não tem maioria suficiente na Assembleia.
Le Pen e Jordan Bardella confirmaram a Macron que apoiarão uma moção de censura contra um governo da NFP, inclusive sem ministros do LFI, indicaram os dois após o encontro no Palácio do Eliseu, sede da presidência em Paris.
Alcançar uma maioria estável parece difícil com a nova Câmara Baixa. A aliança de Macron obteve 166 deputados, seguida pela extrema direita e seus aliados (142) e pelo tradicional partido de direita Os Republicanos (LR, 47).
Todos eles já anunciaram que apresentariam uma moção de censura caso o futuro governo tivesse ministros da LFI, mas no momento o nome da economista Castets é o único na mesa, devido à rejeição da direita a um acordo de coalizão com Macron.
O veterano líder do LFI, Jean-Luc Mélenchon, considerou não participar do governo de Castets para abrir o caminho para a sua nomeação, mas isso não acabou completamente com a resistência dos demais blocos.
Macron chocou a França com a inesperada antecipação das legislativas marcadas para 2027, após a vitória de Bardella nas eleições europeias, e agora não pode dissolver novamente a Assembleia até julho de 2025.
Segundo a presidência, Macron pode anunciar na noite desta segunda-feira a convocação de uma nova rodada de consultas para terça-feira. O primeiro-ministro Gabriel Attal está no cargo de maneira interina há 41 dias, um recorde desde o final da Segunda Guerra Mundial.