Macron é acusado de tentar interferir na escolha do novo papa

O cardeal Jean Marc Aveline e o presidente francês Emmanuel Macron. Reprodução

Enquanto avançam os preparativos para o conclave que elegerá o próximo Papa, crescem os rumores de que Emmanuel Macron estaria tentando exercer influência sobre o processo, o que tem causado incômodo no Vaticano e reacendido antigas rivalidades entre França e Itália, segundo publicou o jornal espanhol “El País”.

De acordo com o jornal francês “Le Monde”, Macron teria participado de um jantar na embaixada da França junto à Santa Sé com cardeais franceses e integrantes de destaque da Comunidade de Sant’Egidio — grupo católico de orientação progressista ligado ao Papa falecido.

O encontro teria contado com a presença do cardeal Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha e considerado um dos “papáveis”.

Três fortes candidatos: Cardeal Pietro Parolin, o filipino Luis Antonio Tagle e o italiano Matteo Zuppi. Fotomontagem

A atuação do presidente francês tem sido vista por analistas italianos como uma tentativa de impulsionar nomes afinados com a linha reformista de Francisco, o que vai de encontro à postura tradicionalmente neutra da França em temas religiosos.

A participação de Macron em celebrações da Igreja já havia sido alvo de polêmica anteriormente — como em setembro de 2023, quando compareceu a uma missa conduzida por Francisco em Marselha, reacendendo discussões sobre o princípio do Estado laico no país.

A manchete do jornal La Verità da terça-feira (29) foi: “Macron quer até escolher o papa”. O Libero, com uma linha editorial semelhante, optou pelo título: “Macron se intromete até no conclave”. Já o diário romano conservador Il Tempo descreveu a ação suposta do presidente francês como um “intervencionismo digno de um Rei-Sol moderno”, em alusão a Luís XIV.

Durante o pontificado de Francisco, a comunidade de Sant’Egidio se destacou nas relações internacionais da Santa Sé. O cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, originário desse movimento e próximo do papa emérito, também é cotado para o cargo de pontífice. Zuppi é conhecido por suas posições favoráveis aos migrantes e contra os projetos de reforma constitucional da maioria liderada pela extrema direita de Meloni. Essa proximidade com o governo francês alimentou rumores de que o cardeal teria o apoio da França no conclave, em oposição aos interesses do governo italiano.

Na quarta-feira (30), o diário liberal Il Foglio ironizou o “grande complô” de Macron imaginado pela direita e atribuiu a “fofoca” a alguns membros do círculo de Meloni e suas preferências por candidatos mais conservadores. Membros de Sant’Egidio negam qualquer “conspiração” e afirmam que “Macron busca apenas compreender o processo, não influenciá-lo”.

Esse movimento da França acontece num contexto delicado para a Igreja, que se prepara para a eleição do novo pontífice com um colégio de 135 cardeais eleitores, originários de 71 nações, evidenciando o alcance global da instituição. Entre os mais cotados para o posto estão Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano, e o filipino Luis Antonio Tagle, conhecido por seu perfil progressista e apelidado de “Francisco asiático”.

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