A presidência brasileira do G20 concentra seus esforços nesta semana em temas como o combate à fome e à pobreza, a transição energética, a reforma da governança global e a taxação dos super-ricos. Grupos de Trabalho dessas áreas estão em reuniões ministeriais até sexta-feira (26), culminando meses de debates desde dezembro de 2023.
Em entrevista concedida a jornalistas internacionais na segunda-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sublinhou a responsabilidade global na erradicação da fome. “A fome e a pobreza são um fenômeno do comportamento humano, ou seja, dos dirigentes políticos. Então, a ideia de a gente criar essa coisa importante da aliança global contra a desigualdade e a fome é a razão principal, o tema principal do G20”, afirmou Lula.
Nesta quarta-feira (24), às 11 horas, o presidente participa, no Rio de Janeiro, de uma reunião para a aprovação e pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A iniciativa visa mobilizar recursos financeiros e conhecimento global para apoiar ações efetivas contra a desigualdade. A expectativa é que a Aliança seja oficialmente lançada em novembro, durante a Cúpula de Líderes do G20, também no Rio. A formação da Aliança é um propósito do presidente Lula, que apresentou a ideia quando o Brasil participou da Cúpula do G20 em Nova Delhi, na Índia, no ano passado.
Também participam desse encontro os ministros brasileiros das Relações Exteriores, Mauro Vieira; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; da Fazenda, Fernando Haddad; e ministros dos países do G20.
Brasil na vanguarda do combate à fome
Durante a entrevista, Lula ressaltou a reversão dos avanços anteriores no combate à fome no Brasil, enfatizando que, desde o início de seu mandato, 24,5 milhões de brasileiros foram retirados da miséria. “Significa que, outra vez, nós vamos acabar com a fome no Brasil. Significa que, outra vez, a massa salarial vai aumentar. Significa que, outra vez, o desemprego vai diminuir. Significa que a inflação vai estar controlada”, disse Lula.
Além disso, o presidente destacou a importância da transição energética e das fontes renováveis para o desenvolvimento do Brasil e de outras regiões em desenvolvimento, como a América do Sul e a África. Ele argumentou que os países ricos devem colaborar, fornecendo recursos para o uso sustentável das riquezas naturais desses países. Segundo ele, “é onde os países pobres têm condições de discutir com os países ricos em igualdade de condições. O que é diferente é que os países ricos não têm a riqueza mineral que nós temos, não têm a riqueza florestal que nós temos. Mas eles têm os recursos para ajudar a utilizar as riquezas de floresta, de fauna, de água. Temos que ter recursos suficientes para poder manter isso de pé”.
Ele também reforçou a necessidade de taxar os super-ricos para redistribuir a riqueza de forma justa, visando reduzir a desigualdade. “Não é difícil acabar com a fome, acabar com a miséria. É só a gente fazer com que as pessoas que têm acumulação de riqueza distribuam um pouco em forma de pagamento de imposto. E eu acho que é possível construir um consenso. Não estou dizendo que é fácil, estou dizendo que é possível construir um consenso em defesa da taxação dos mais ricos”, defendeu o mandatário.
Rumo à reinserção geopolítica
Lula destacou o objetivo de reinserir o Brasil na geopolítica internacional, meta que considera alcançada. “Quando tomei posse, dia 1º de janeiro de 2023, um dos objetivos que eu tinha era tentar recuperar a imagem e a participação política do Brasil nessa nova geopolítica mundial. Acho que nós conseguimos, com essa participação, colocar o Brasil no cenário internacional”, completou mencionando várias agendas bilaterais e multilaterais cumpridas desde o início do mandato.
Durante o G20, o Brasil está promovendo várias iniciativas, incluindo o G20 Social e o fortalecimento do empoderamento das mulheres, temas que ganham destaque na agenda internacional.
“Estamos numa fase agora que é o mundo que vem ao Brasil. O Brasil visitou o mundo, agora o mundo vai visitar o Brasil. Nós, neste nosso G20, temos algumas novidades. A primeira novidade é que temos 67 reuniões do G20 para fazer, dos vários campos. Nós criamos o G20 social. E estamos trabalhando com o empoderamento das mulheres que foi criado na Índia e que a gente quer fortalecer muito porque as mulheres têm um papel extremamente importante na sociedade. E, cada vez mais as mulheres, assumem papel político. Até o Brasil serve como exemplo, porque aqui nós aprovamos uma lei no Congresso Nacional que define o seguinte: trabalho igual, salário igual entre mulheres e homens”, declarou o presidente.
Aliança Global e Relatório SOFI 2024
A reunião de pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que acontece também nesta quarta, às 9 horas, incluirá a apresentação de dados do relatório SOFI 2024 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), abordando as mais recentes atualizações sobre segurança alimentar e nutrição no mundo. O documento, intitulado “Financiamento para acabar com a fome, a insegurança alimentar e todas as formas de desnutrição”, aborda as lacunas de financiamento e oferece soluções inovadoras para enfrentar esses desafios até 2030.
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com informações do Governo Federal