Carlos Lupi não é mais ministro da Previdência. Ele entregou o cargo no fim da tarde desta sexta-feira 2, em meio à crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após as denúncias de fraudes contra aposentados e pensionistas.
Em nota oficial, o governo informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz, que ocupa o cargo de secretário-executivo da Previdência, para assumir a pasta – Queiroz é filiado ao PDT, partido de Lupi.
Em postagem nas redes sociais, Lupi agradeceu a Lula pela confiança e disse que espera que as investigações sobre o suposto esquema de fraude “sigam seu curso natural”, com identificação e punição dos responsáveis.
“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula”, escreveu Lupi.
Mudança de postura
Logo após a explosão da crise, Lupi chegou a dizer que CartaCapital não pretendia deixar o cargo e indicou que uma eventual demissão teria de partir do presidente Lula.
A pressão sobre o ministro ganhou força com a demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, a operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União que apontou fraudes no órgão. O então ministro disse ter “inteira responsabilidade” pela indicação de Stefanutto, que assumiu o posto em julho de 2023.
O cerco se fechou ainda mais depois que a oposição iniciou articulação no Congresso Nacional para criar um Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso.
Segundo as investigações, o esquema realizava descontos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas. O montante descontado desde 2019 chega a 6,3 bilhões de reais. O governo suspendeu os descontos mensais de todos os beneficiários do INSS e iniciou estudos para ressarcir todo o valor desviado.
Uma pesquisa divulgada na quarta-feira 1º mostrou que a grande maioria dos brasileiros era favorável à saída de Lupi do governo. Enquanto 85,3% defendiam a demissão, apenas 8,7% se diziam favoráveis à permanência.
Dias após a operação da PF e da CGU sobre o caso, Lupi admitiu, em audiência na Câmara dos Deputados, que o Ministério da Previdência demorou para identificar as irregularidades, mas disse que o governo reagiu de forma correta.
Para Lupi, a operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União fez “doer na própria carne”, por ver pessoas nas quais confiava envolvidas em uma crise de desvio de dinheiro de aposentados e pensionistas.
“Ver as pessoas em que, na semana passada, eu tinha confiança e trabalhavam comigo envolvidas com isso é um pavor, um horror”, afirmou na ocasião.
Quem é Carlos Lupi
O agora ex-ministro é o principal nome do PDT desde a morte de Leonel Brizola, em 2004. Ocupou a presidência do partido até 2023, quando se licenciou para se dedicar ao ministério da Previdência.
Entre 2007 e 2011, na primeira passagem de Lula pelo Planalto, foi ministro do Trabalho e Emprego. Foi ainda deputado federal, secretário de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro, integrante do Conselho de Administração do BNDES e presidente do Conselho Curador do Fundo de Amparo ao Trabalhador e do Conselho Curador do FGTS.