O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a denunciar nesta terça-feira (03) o governo de Israel por prática de genocídio contra os palestino na Faixa de Gaza. Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, Lula disse que não se trata de uma “guerra normal”, mas de “um exército matando mulheres e crianças”.
“E vem dizer que é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é um ge-no-cí-dio”, disse, enfatizando as sílabas da palavra.
Na entrevista, Lula também denunciou o deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por patrocinar, antipatrioticamente, interferência estrangeira na política interna brasileira.
O deputado de extrema-direita está nos Estados Unidos, onde promove campanha contra o Supremo Tribunal Federal a fim de tentar ajudar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado como um dos principais responsáveis pela tentativa de abolir a democracia no Brasil, entre 2022 e 8 de janeiro de 2023.
Gaza e Israel
Sobre a matança promovida em Gaza pelo governo de Israel, Lula comentou: “O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra. É um exército matando mulheres e crianças”, afirmou Lula. “Possivelmente todas as pessoas de bom senso no mundo, inclusive gente do povo de Israel, já entenderam que isso é um genocídio”.
Lula citou em sua fala as críticas à atuação do país feitas pelo ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert (2006-2009). Em artigo de opinião publicado em um jornal israelense no final de abril, ele disse que o governo atual está cometendo crimes de guerra na Faixa de Gaza, com uma “matança indiscriminada” de civis.
Morte de crianças
O presidente mencionou que “mil militares anunciaram que aquilo não é mais guerra, é genocídio”. Ele citou a morte de milhares de civis, como “duas crianças que estavam carregando farinha para comer e foram mortas”. Para Lula, “o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo, considerando o sofrimento histórico do povo judeu”.
E rebateu a tese de israelenses de que qualquer crítica ao Estado de Isrel seria antissemitismo. “[Israel] vem dizer que é antissemitismo. Precisa parar com esse vitimismo e saber o seguinte: o que está acontecendo na Faixa de Gaza é o um genocídio. É a morte de mulheres e crianças que não estão participando de guerra”, afirmou o presidente.
“Exatamente por conta do que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino. Eles se comportam como se o povo palestino fossem cidadãos de segunda classe”, completou o petista.
Lula também reiterou o apoio brasileiro à criação de um Estado palestino, baseado nos acordos de 1967, e acusou Israel de “atacar territórios palestinos diariamente”, incluindo incursões próximas à Jordânia. “Só haverá paz quando houver a consciência de que o povo palestino tem direito ao seu estado”, declarou.
Viagem à França
Lula embarca nesta terça para a França, a fim de fazer uma visita de Estado, em que encontrará o presidente Emmanuel Macron e cumprirá outros compromissos oficiais de 4 a 9 de junho. A guerra na Faixa de Gaza será um dos tópicos das conversações.
Veja a entrevista de Lula nesta terça-feira 3/06:
Terrorismo
O presidente subiu o tom contra o deputado Eduardo Bolsonaro por buscar apoio dos Estados Unidos para interferir na Justiça brasileira. “O que é lamentável é que um deputado brasileiro, filho do ex-presidente, está lá a convocar os EUA para se meter na política interna do Brasil. É isso que é grave. É isso que é uma prática terrorista”, disse.
Lula acusou o parlamentar de “renunciar ao mandato para lamber as botas de Trump” e questionou: “Você conhece alguma fala dele questionando a Suprema Corte? Não. O pai dele, quando nega a Justiça Eleitoral, não nega os votos que seu filho recebeu. Só nega os dele”.
O presidente reforçou que não é possível aceitar o que chamou de “provocação antipatriótica”, defendendo o mínimo de bom senso nas críticas institucionais.
Lorena Vale, com BBC Brasil e agências