O presidente Lula esteve nesta terça-feira (5) na 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Cdess), o “Conselhão”. Em sua fala, Lula celebrou os recordes tidos por seu governo em temas sociais e na economia.

Ele destacou a saída do Brasil do Mapa da Fome, os menores índices de extrema pobreza e desemprego da história: “Estamos inserindo os pobres no orçamento e, cada vez mais, colocando os ricos no imposto de renda”, diz.

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O presidente ainda comemorou o crescimento do setor produtivo – o maior em 14 anos –, o recorde de transplantes e cirurgias eletivas do SUS, além de destacar que 94% dos formandos do Ensino Médio da rede pública se inscreveram no Enem, incentivados pelo programa Pé-de-Meia.

Tarifas comerciais

Segundo o mandatário, o livre-comércio passa por um dos períodos mais críticos em décadas com as tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos.

Em relação ao Brasil, a decisão arbitrária afeta uma relação comercial de mais de 200 anos: “Este é um desafio que nós não pedimos e nós não desejamos”, afirma Lula, ao indicar que existe a tentativa de interferir na soberania do país.

O presidente ainda chamou de “traidores da pátria” os que arquitetaram e defenderam publicamente as ações contra o Brasil lá nos Estados Unidos.

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Como destaca “não há justificativa para as medidas unilaterais contra o nosso país”, uma vez que os EUA tiveram superávit de 410 bilhões de dólares na relação com o Brasil em 15 anos e oito dos dez principais produtos norte-americanos importados pelo Brasil têm tarifa zero, incluindo petróleo, aeronaves, gás natural e carvão: “A alíquota média efetivamente cobrada dos produtos norte-americanos no Brasil é de apenas 2,7%”, observa.

Lula ainda destacou que o governo está comprometido em mitigar os efeitos das tarifas para os setores atingidos.

“Nós não podemos aceitar que o povo brasileiro seja punido. Diante do tarifaço, o compromisso do Governo é com os brasileiros. Vamos colocar em execução um plano de contingência para mitigar esse ataque injusto e aliviar seus prejuízos econômicos e sociais”, disse o presidente, ao afirmar que o Brasil irá recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC) e que os ministros continuam no esforço para buscar a negociação com os EUA.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Pix

Em seu discurso, o presidente ainda defendeu a ferramenta de pagamentos Pix e a regulação de plataformas digitais, bem como reafirmou o compromisso em zerar o desmatamento até 2030.

“Eu gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix nos Estados Unidos”, indica.

A Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e membro do “Conselhão”, que já presidiu um grupo empresarial com relações com os EUA, Lula sugeriu que levasse a funcionalidade ao presidente norte-americano.

“Você poderia levar o Pix para ele [Trump], para ele pagar uma conta. Ele ia ver que é uma coisa moderna”, comenta.

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Conforme o presidente, a preocupação da Casa Branca é que o Pix tire espaço das empresas operadoras de cartões de crédito, a maioria delas dos EUA.

“Qual é a preocupação deles? É que se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer. E é isso que está por detrás dessa loucura contra o Brasil. Por isso, nós não podemos ser penalizados por desenvolver um sistema gratuito e eficiente”, acusa.

Ligação para Trump

Lula também disse que não irá ligar para Trump em relação às tarifas comerciais porque o presidente dos EUA não quer conversar.

No entanto, o líder brasileiro afirmou que ligará para ele, assim como para outros presidentes e primeiros-ministros, para convidá-los a participarem da COP 30, em Belém (PA).

“Eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP 30, porque eu quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar para ele, vou ligar para o Xi Jinping [da China], vou ligar para o primeiro-ministro Modi [da Índia]. Só não vou ligar para o Putin porque não está podendo viajar. Mas vou ligar para muitos presidentes e dizer: ‘você não está preocupado com o planeta Terra? Viu, não tem outro lugar para a gente morar, nós temos que cuidar, pelo amor de Deus’. Se ele [Trump] não vier é porque não quer, mas não vai ser por falta de delicadeza, charme e democracia”, disse o bem-humorado Lula.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Acordo Mercosul-União Europeia

Aos membros do “Conselhão”, Lula reafirmou que irá entregar até o final de seu mandato como presidente do Mercosul o acordo do bloco com a União Europeia (UE). Ele fica à frente do grupo até dezembro.

“Concluímos com a União Europeia as negociações do primeiro acordo birregional do mundo, que reúne um PIB conjunto de 22 trilhões de dólares, além de 718 milhões de pessoas. Estamos empenhados para que este acordo seja assinado neste ano e entre em vigor o quanto antes”, indicou o presidente, ao cobrar pelo acordo depois que a UE firmou um acordo com os EUA sobre tarifas comerciais.

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Last Update: 05/08/2025