O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu, nesta quinta-feira (30), sua primeira entrevista coletiva do ano no Palácio do Planalto. A iniciativa marca uma nova fase da comunicação do governo, agora sob a coordenação de Sidônio Palmeira. Durante a conversa, Lula cobrou compromisso dos países ricos com o financiamento climático, reafirmou a defesa da democracia e destacou conquistas econômicas do governo.

Lula voltou a criticar o descaso das nações desenvolvidas com os acordos ambientais e afirmou que a COP 30, que será realizada em Belém (PA), será um marco na cobrança por mais seriedade nas políticas climáticas. 

“Se nós queremos discutir a questão do clima com seriedade, temos que garantir que as promessas se traduzam em ações concretas”, disse o presidente.

Lula destacou que, desde a COP de Copenhague, em 2009, países ricos prometeram destinar US$100 bilhões anuais para ações climáticas em nações em desenvolvimento, compromisso que nunca foi cumprido. 

Segundo ele, mesmo diante da elevação da meta para US$1,3 trilhão, há pouca expectativa de que os recursos sejam repassados. “Se o mundo quer proteger a Amazônia, precisa garantir que quem vive nela tenha condições dignas de vida”, afirmou.

Democracia e combate às fake news

Outro tema central da entrevista foi a defesa da democracia diante do avanço da extrema direita e da desinformação. Lula alertou para os riscos que as fake news representam para a estabilidade política e para a soberania popular. “A democracia será a grande derrotada se permitirmos que a mentira vença”, afirmou.

O presidente defendeu a ampliação do diálogo com a imprensa e maior transparência do governo para enfrentar a desinformação. “A gente precisa contar a verdade diretamente ao povo. Por isso, pretendo fazer mais entrevistas coletivas e viajar pelo país, para olhar nos olhos das pessoas e debater os avanços do nosso governo”, disse.

Economia e estabilidade fiscal

Lula também comentou a decisão do Banco Central de manter a política de juros elevados, reforçando que confia na gestão do novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo. “Ninguém dá um cavalo de pau na economia de um dia para o outro. Tenho certeza de que ele vai criar as condições para que o país tenha uma taxa de juros menor no tempo certo”, afirmou.

Sobre as críticas à condução da economia, o presidente destacou que o Brasil cresceu 3,2% em 2023, acima das previsões iniciais, e que a expectativa para 2024 é um crescimento entre 3,5% e 3,7%. Ele também defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou conquistas como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.

“Fizemos a primeira grande reforma tributária da história do país em um regime democrático. Isso é um feito que deve ser reconhecido”, disse.

Relação com os Estados Unidos e Trump

Ao ser questionado sobre o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Lula afirmou que deseja manter boas relações diplomáticas, mas avisou que medidas protecionistas contra o Brasil não ficarão sem resposta. 

“Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são importados dos Estados Unidos. É simples”, declarou.

O presidente ressaltou que o Brasil busca ampliar suas exportações e atrair investimentos, mas sem abrir mão de sua soberania. 

“Eu quero respeitar os Estados Unidos e quero que os Estados Unidos respeitem o Brasil”, afirmou.

Futuro da comunicação do governo

A entrevista coletiva foi a primeira sob a nova estratégia de comunicação do governo, que busca maior proximidade com jornalistas e veículos de mídia. Lula garantiu que pretende manter esse modelo de diálogo aberto e mais frequente. “Não quero mais ver notícia atribuída a ‘alguém próximo do presidente’. Quero que falem diretamente comigo e perguntem o que quiserem”, disse.

A mudança na comunicação foi bem recebida pela imprensa, que elogiou a transparência do governo e a disposição do presidente para responder a questionamentos. “Vamos repetir isso mais vezes”, concluiu Lula.

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Last Update: 30/01/2025