Presidente destacou combate ao unilateralismo, defesa da paz e fortalecimento da cooperação entre os países do bloco
A Reunião Virtual de Líderes do BRICS, realizada nesta segunda-feira (8), sob iniciativa do presidente Lula, reuniu representantes da China, Egito, Indonésia, Irã, Rússia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia e Etiópia. Com duração de cerca de 1h30, o encontro teve como propósito consolidar o compromisso do bloco com o fortalecimento do multilateralismo e a reforma das instituições internacionais diante da instabilidade econômica e política global.
Os países defenderam uma ordem internacional mais justa, equilibrada e inclusiva, capaz de refletir as transformações em curso e responder às demandas do Sul Global.
O encontro também foi oportunidade para coordenar posições em preparação à 80ª Assembleia Geral da ONU, à COP-30, em Belém, e à Cúpula de Líderes do G20, em novembro.
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Críticas ao unilateralismo
Em seu discurso, Lula denunciou o que chamou de “chantagem tarifária” e a imposição de medidas extraterritoriais como ameaças às instituições nacionais.
O presidente alertou que princípios basilares do livre-comércio estão sendo enterrados por medidas unilaterais.
“Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas.”
Lula afirmou que cabe ao BRICS demonstrar que a cooperação supera rivalidades, reforçando a integração financeira e comercial entre os membros como alternativa segura ao protecionismo.
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Defesa da paz
O presidente também dedicou parte de sua fala à defesa da paz em conflitos internacionais. Sobre a guerra na Ucrânia, destacou a necessidade de uma solução realista que contemple as preocupações de segurança de todas as partes, citando a Iniciativa Africana e o Grupo de Amigos para a Paz, criado por China e Brasil, como instrumentos de diálogo.
Em relação ao Oriente Médio, Lula condenou a decisão de Israel de assumir o controle da Faixa de Gaza e ameaçar a anexação da Cisjordânia.
“É urgente colocar fim ao genocídio em curso e suspender as ações militares nos Territórios Palestinos.”
Ele lembrou que o Brasil se juntou à ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça e reiterou o apoio à Solução de Dois Estados.
Lula destacou ainda que a Assembleia Geral da ONU, marcada para este mês em Nova York, será uma oportunidade para defender um multilateralismo renovado.
Ele defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, incorporando novos membros permanentes e não permanentes da América Latina, da África e da Ásia.
Outro tema de destaque na reunião foi a governança digital. O presidente alertou para os riscos de projetos de dominação tecnológica concentrados em poucas empresas e países, defendendo a soberania digital e a cooperação baseada em ecossistemas nacionais regulados.
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Agenda climática e COP-30
O impacto do unilateralismo na esfera ambiental também foi discutido no encontro virtual. Lula afirmou que os países em desenvolvimento são os mais atingidos pelas mudanças climáticas e chamou a COP-30 de “momento da verdade e da ciência”.
Ele defendeu a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU e destacou o lançamento, em Belém, do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, voltado a remunerar serviços ecossistêmicos prestados ao planeta.
“O Sul Global tem condições de propor outro paradigma de desenvolvimento e de refutar uma nova Guerra Fria.”
Ao encerrar sua participação, Lula reforçou a importância do BRICS como protagonista de uma nova ordem internacional.
“Temos legitimidade para liderar a refundação do sistema multilateral de comércio em bases modernas, flexíveis e voltadas às nossas necessidades de desenvolvimento. O BRICS já é o novo nome da defesa do multilateralismo.”
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PTNacional, com informações da Secom