Nesta sexta-feira (04), o presidente Lula reiterou sua posição de defender a exploração do petróleo brasileiro, ao mesmo tempo em que criticou o desmonte da Petrobrás, afirmando que a empresa “é a bússola da economia brasileira”.
As declarações foram feitas durante cerimônia realizada na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro
Em seu discurso, Lula iniciou destacando a importância da Petrobrás para o desenvolvimento do Brasil:
“Eu tenho dimensão da importância do que é a Petrobrás nesse país. Eu tenho dimensão. A Petrobrás não é uma empresa de petróleo. Se fosse só isso, seria igual às outras. A Petrobrás é uma espécie de bússola da economia brasileira. Se a Petrobrás vai bem, o Brasil vai bem. Se a Petrobrás vai bem, as outras empresas vão bem. E é por isso que nós temos que torcer para a Petrobrás ser cada vez maior, cada vez mais avançada, cada vez mais tecnológica […]”
Ele prosseguiu denunciando (à sua maneira) o servilismo da burguesia brasileira perante a burguesia imperialista, relembrando a campanha que era feita na época de Getúlio Vargas contra a exploração do petróleo brasileiro:
“Em 1953, quando Getúlio queria criar Petrobrás, a elite brasileira não queria, ela não queria que se investisse em petróleo. ‘Que negócio de pegar petróleo? Vamos comprar dos Estados Unidos’ – aquele complexo de vira-lata de uma parte da elite brasileira, que tudo que é de lá é bom, tudo que é aqui não presta”.
Criticando a privatização da empresa ao longo dos anos, bem como a venda da BR Distribuidora, Lula disse que “já tentaram privatizá-la, já tentaram mudar de nome e já tentaram vender. E eles conseguiram vender pedaço e foram vendendo. Eu lembro que no meu primeiro mandato eu comprei uma empresa distribuidora de gás. Comprei pra gente poder tentar ter uma participação na regulação do preço do gás. Venderam”.
Ele continua apontando os resultados da privatização: “hoje a Petrobrás libera um barril, um botijão de gás de 13 kg por R$37 e ele chega na casa de um pobre de outro estado a R$140. É justo? É normal a gente deixar que isso aconteça? E a gente não tem hoje uma distribuidora A gente não tem. Se a gente tivesse a BR, a gente poderia utilizar os portos da BR para entregar esse gás. A gente não tem”, disse Lula.
Em determinado momento de seu discurso, o presidente criticou o chamado “mercado”, mostrando o conflito de sua política com a da burguesia imperialista mundial, especialmente os banqueiros e as grande petroleiras imperialistas:
“Quando a gente fala que quer fazer as coisas, chamam a gente de populista. ‘Está interferindo no mercado’. Eu quero interferir no mercado para baixar o preço da comida. É isso sim que eu quero fazer“, acrescentando que “se a gente não cuidar dessas pessoas que estão para trás, a gente não vai a lugar nenhum“.
Em declaração que também expõe a suas contradições com o imperialismo, bem como o fato do governo Lula estar sitiado pela burguesia, lula criticou a alta taxa de juros, falando que pretende abaixá-la:
“O Brasil está vivendo um momento, se não extraordinário, um momento de muita certeza e de muita garantia. Não tem um número negativo nesse país. A não ser a taxa de juro da SELIC, que não depende de nós, porque o Banco Central tem autonomia e nós herdamos, herdamos uma pessoa com uma febre muito alta e para curar essa febre leva um tempo, mas pode ficar certo que o juro também vai entrar”.
Falando especificamente sobre a exploração do petróleo brasileiro, Lula criticou aqueles que falam que têm que acabar a exploração de combustível fóssil (isto é, o imperialismo), destacando que não irá abrir mão do petróleo brasileiro para que os outros explorem:
“Tem gente que fala: ‘vamos acabar com o combustível fóssil’. Eu também sou favorável a acabar, quando a gente fizer do combustível fóssil o financiamento da chamada ‘transição energética’ que temos que fazer. Eu não vou abrir mão do petróleo brasileiro para os outros explorarem”, acrescentando que “Não queremos prejudicar nada, mas não queremos abrir mão da riqueza do nosso país, para favorecer o nosso povo. É com esse petróleo que vamos fazer o povo ficar rico”.
Reiterando sua intenção de explorar o petróleo brasileiro para o desenvolvimento do país e a melhoria da vida do povo, Lula frisou que “tem que gastar em pesquisa, investir para que a gente ache mais gás, pra gente que acha mais petróleo, para que o dinheiro que a gente ganhe, as custas da Petrobras, a gente possa melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro”.
Durante a cerimônia, Magda Chambriard, presidente da Petrobrás, anunciou novos investimentos da Petrobrás com a Braskem no Rio de Janeiro, em valor que superam R$33 bilhões e com potencial para criar mais de 100 mil empregos diretos e indiretos.
Destacando também a capacidade do Brasil como produtor de petróleo, ela informou que no último ano, a Petrobrás produziu 900 milhões de barris de petróleo, bem como conseguiu repor, e mesmo superar, essas reservas. Ela declarou que “nos próximos anos vamos produzir mais ainda”, reforçando igualmente a importância de expandir a capacidade do país de refinar o petróleo, para ficar cada vez menos dependente de exportações:
“Não gostamos de importar derivados. Gostamos que os derivados que consumimos sejam produzidos aqui, gerando emprego e renda e mostrando a capacidade do sistema Petrobrás”.
