O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta segunda-feira, 16, para Kananaskis, na província canadense de Alberta, onde participará da Cúpula do G7 como convidado do governo do Canadá. A reunião, marcada para o dia 17 de junho, reunirá as sete maiores economias industrializadas do mundo, além de países convidados e representantes de organizações multilaterais.
Além do Brasil, foram convidados os líderes da África do Sul, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia e México. Também participarão representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), Banco Mundial, Comissão Europeia e Conselho da União Europeia. A agenda ocorre em um contexto de instabilidade internacional, com conflitos armados em curso e aumento das tensões geopolíticas, além do agravamento da crise climática.
A sessão de engajamento externo da cúpula terá como tema principal “O futuro da segurança energética: diversificação, tecnologia e investimentos para garantir acesso e sustentabilidade em um mundo dinâmico”. A pauta inclui ainda discussões sobre inovação tecnológica, infraestrutura sustentável, preservação ambiental, diversificação das cadeias produtivas de minerais críticos, prevenção de incêndios e proteção das florestas.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Lula pretende apresentar propostas voltadas à construção de uma nova governança internacional com maior representação dos países do Sul Global. Também está prevista a defesa de medidas para a promoção da paz, o respeito à soberania nacional e o enfrentamento das desigualdades sociais e econômicas.
O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, afirmou que a participação do presidente brasileiro tem ligação direta com a preparação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém (PA), em 2025. “É uma oportunidade para que o presidente possa falar da organização da COP 30 e convidar os outros líderes para que venham ao Brasil”, declarou Lyrio.
Durante sua participação na cúpula, Lula deve também destacar a necessidade de cumprimento das metas assumidas pelos países desenvolvidos em acordos climáticos.
Segundo o governo brasileiro, os compromissos financeiros e operacionais firmados por nações ricas vêm sendo reiteradamente descumpridos. A crítica à atuação de organismos multilaterais diante de crises humanitárias recentes também deve ser retomada, com referência a declarações anteriores do presidente sobre o conflito em Gaza.
A agenda oficial do presidente no Canadá prevê a chegada na manhã de segunda-feira (16). No mesmo dia, às 17h30 (horário local), Lula participa de uma recepção oferecida pela premiê da província de Alberta, Danielle Smith. Às 18h30, será recebido no jantar oficial promovido pela governadora-geral do Canadá, Mary Simon, em Calgary.
Na terça-feira, 17, a programação inclui a tradicional foto oficial dos líderes presentes, além de reuniões bilaterais. Está confirmado um encontro entre Lula e o primeiro-ministro canadense Mark Carney. O presidente brasileiro participa ainda de um almoço de trabalho com os demais países convidados, encerrando sua participação às 15h30.
A presença brasileira no G7 ocorre em um momento em que o governo busca ampliar sua inserção internacional em temas estratégicos, como transição energética, investimentos em infraestrutura verde e combate às mudanças climáticas. A diplomacia brasileira tem enfatizado a necessidade de um sistema multilateral mais representativo e sensível às demandas dos países em desenvolvimento.
Durante o encontro, os temas ambientais devem ocupar espaço relevante nas discussões, especialmente diante da ênfase do Canadá na agenda climática e da expectativa em torno da COP 30. A preservação das florestas tropicais e a prevenção de eventos extremos, como incêndios, estarão entre os assuntos abordados, com atenção especial ao papel do Brasil na proteção da Amazônia.
O governo brasileiro também pretende utilizar a oportunidade para promover parcerias em áreas como energia renovável, inovação tecnológica e cooperação científica. A expectativa do Itamaraty é que as conversas com líderes do G7 e demais convidados abram espaço para negociações bilaterais futuras e acordos de interesse estratégico.
Ao participar da cúpula como convidado, o Brasil busca reafirmar sua posição como interlocutor relevante nas principais discussões globais. A presença do presidente brasileiro no evento é parte da estratégia de reposicionamento internacional do país, com foco na sustentabilidade, na paz e na equidade nas relações internacionais.
A Cúpula do G7 será encerrada após a conclusão das sessões temáticas e reuniões bilaterais, sem previsão de declaração conjunta dos convidados externos. Após a participação no encontro, Lula retorna ao Brasil na noite do dia 17.