O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), saiu de uma reunião com o presidente Lula (PT) em Brasília, nesta quarta-feira, criticando o que chamou de “descompasso” entre as ações de socorro anunciadas pelo governo federal para reconstruir o estado, castigado por fortes chuvas em maio, e o que está sendo, efetivamente, entregue.
O encontro ocorre após uma troca de farpas entre o tucano e Lula. Na semana passada, o petista disse em entrevista que o governador “nunca estava contente” e deveria agradecer a ajuda do governo. Ato contínuo, Leite rebateu: “Temos essa característica de demandar muito, mas é importante deixar claro que o povo gaúcho não é mal-agradecido, não é ingrato”.
Antes disso, o governador já havia dito que o governo Lula teria feito “muita propaganda”, mas pouca ajuda chegou ao RS. Nesta quarta, Leite relembrou o episódio e disse que não quis “fustigar” o governo, e sim cobrar ajustes para que as medidas fossem mais efetivas.
“Continuo tendo divergências, uma visão de que alguns temas poderiam avançar mais rapidamente, mas saio com otimismo da reunião, com a expectativa de que sejam tomadas as medidas por parte do governo”, acrescentou Leite.
De acordo com o governador, algumas empresas gaúchas estão tendo dificuldade para acessar recursos dos programas federais criados para socorrer as famílias. É o caso, segundo ele, do programa instituído para preservar empregos em empresas que foram atingidas pelos temporais de maio. Para o tucano, a iniciativa tem regras “engessadas” e precisa ser ajustada.
A Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, criada pelo governo federal para gerir a crise após as enchentes no RS, não comentou as declarações de Leite.
O encontro entre Lula e o governador teve o objetivo de discutir as obras de drenagem que serão financiadas no âmbito do Novo PAC. São mais de 6 bilhões de reais destinados para esses empreendimentos. Os recursos serão aplicados em 61 projetos distribuídos por 52 municípios, visando a redução do “risco de alagamentos, enchentes e inundações”, segundo o Planalto.