O presidente Lula deu um importante recado ao crime organizado e mais especificamente ao que atua na região amazônica. “Estar do lado do povo amazônico requer ação firme e decisiva contra o crime. Juntos seremos mais fortes e eficazes. Por isso, o crime organizado que se prepare, porque a justiça vai derrotá-los”, reiterou Lula na cerimônia de inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia) nesta terça-feira (9) em Manaus.

Sede de um pioneiro sistema de proteção da Amazônia, o CCPI marca uma nova fase de combate ao crime na região com investimento de R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na cerimônia que teve a presença do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e da vice-presidente do Equador, Maria José Pinto, Lula citou a recente operação da Polícia Federal (PF) contra o narcotráfico que mostrou o crime organizado infiltrado na elite econômica brasileira.

“Há poucos dias realizamos no Brasil a maior operação da história contra o crime organizado que finalmente alcançou o andar de cima, a Faria Lima, a famosa linha bancária do Brasil. Não podemos permitir que os moradores das periferias, os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas tenham suas vidas marcadas pela violência enquanto endinheirados ficam impunes. Os mais vulneráveis são os que mais sofrem com a criminalidade”, salientou o presidente no evento que teve também a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), Marina Silva, do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante e do presidente da Comunidade de Polícias das Américas (Ameripol) e diretor da Polícia Nacional da Colômbia, general Carlos Fernando Triana Beltran.

Em entrevista à Rede Amazônica antes do evento, Lula disse que o CCPI é um mecanismo estratégico para combater o crime organizado, que ele classificou como indústria multinacional. “Está em tudo quanto é lugar. Está no futebol, na justiça, na política, em todas as instituições”, assinalou, ao salientar que a agenda do governo para a região amazônica contempla a preservação ambiental aliada ao desenvolvimento econômico e social para seus habitantes.

Estrutura e tecnologia para combate ao crime

Fruto de parceria entre a Polícia Federal, Ministério da Justiça e Segurança Pública, MMA e BNDES, o CCPI faz parte do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS) que investiu R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia na compra de helicópteros, lanchas blindadas, viaturas e drones.

O centro operará a partir da colaboração entre os nove países amazônicos e os nove estados brasileiros que compõem a Amazônia Legal no enfrentamento de crimes ambientais como garimpo ilegal e a exploração madeireira ilícita, e o tráfico de pessoas, de armas e drogas.

Ele será um núcleo de inteligência e cooperação policial com a articulação da PF, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e as forças policiais dos respectivos estados e países da região, uma nova estrutura que garante a ampliação da capacidade de inteligência, fiscalização e repressão contra crimes que afetam a floresta e seus moradores.

Pela primeira vez a Amazônia terá um sistema de segurança estruturado em ambiente moderno, equipado com tecnologia de ponta e, principalmente, formado por policiais de diferentes agências e países atuando lado a lado.

“Há uma máfia poderosa”, diz Petro

Em seu longo discurso, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ressaltou que a integração dos exércitos e das polícias da América Latina é fundamental, começando pela Amazônia, para destruir as máfias.

“Existe uma máfia poderosa. O narcotráfico é a causa da morte de um milhão de latino-americanos, é mais do que a guerra do Iraque. As máfias compram policiais, juízes, fiscais, políticos e até presidentes, não somente na América Latina, mas também nos Estados Unidos. Mas lá eles não investigam. E a nós cabe investigar porque não vamos deixar que essas máfias atuem”, afirmou Petro.

Após exaltar o presidente Lula por dar vida ao Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski assinalou a urgência do combate ao crime organizado transnacional. “As ameaças à segurança pública hoje para os distintos países constituem uma ameaça à própria soberania. É por isso que o combate não pode mais ser local, não pode ser apenas nacional, mas precisa ser um combate que tenha a colaboração dos distintos países”, afirmou.

Ao apontar que trabalhar a segurança da Amazônia é tarefa complexa e desafiadora, o ministro exaltou a união de esforços aliada à tecnologia e à inteligência de forma transversal que permite atuação célere e assertiva, com economia de recursos e maiores resultados para a sociedade.

Amparo às crianças, diz vice do Equador

A vice-presidenta do Equador Maria José Pinto, agradeceu ao presidente Lula por abrir as portas e liderar a iniciativa e expressou sua preocupação com o aliciamento de crianças pelas máfias que atuam na região amazônica.

“O crime organizado, a violência, o desmatamento e a pobreza se cruzam e colocam em risco a vida dos habitantes da Amazônia, entre eles o recrutamento e o uso de crianças e adolescentes por parte das redes criminosas. Esta é uma ferida aberta. Quando a infância é arrebatada não se perde somente um país, perde-se uma humanidade. Elas não podem ser soldados do crime, não podem ser vítimas da violência e nem instrumentos de uma economia ilegal que destrói o seu sonho”, afirmou Maria José.

“Ou vencemos juntos ou perdemos sozinhos”, diz Andrei
O CCPI materializa, segundo o diretor da PF, Andrei Rodrigues, o compromisso do estado brasileiro com o rigoroso enfrentamento ao crime organizado, focado em crimes ambientais, mas não restrito a esta pauta. “Nunca antes na história desse país houve um sistema de proteção da Amazônia. Este edifício é o maior ambiente de integração operacional e estratégico do continente”, disse ele, ao falar da estratégia de enfrentamento ao crime organizado.

“Não há dúvida de que a cooperação e integração das forças de segurança pública são a chave do êxito para o enfrentamento do crime organizado, que há muito deixou de ser local e é hoje transnacional. Ou vencemos juntos ou perdemos sozinhos”, enfatizou, ao agradecer ao presidente pela firme disposição de fortalecer e garantir autonomia à PF.

Em coletiva de imprensa sobre o CCPI Amazônia, o diretor da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, delegado federal Humberto Freire destacou que uma das metas é dar mais segurança aos moradores da Amazônia.

“A inauguração do CCPI Amazônia é um divisor de águas no combate ao crime organizado e na proteção da floresta. O centro funciona de forma permanente, integrando esforços nacionais e internacionais. Os esforços integrados buscam a descapitalização e o mapeamento das cadeias produtivas ilegais. Nosso compromisso é proteger a Amazônia e garantir segurança e qualidade de vida para quem vive na região”, assinalou.

Da Redação, com Agência Gov

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Last Update: 10/09/2025