Encerrada a Cúpula do Brics no Rio de Janeiro, o presidente Lula recebeu, nesta terça-feira (8), a visita oficial do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no Palácio da Alvorada. Os dois chefes de Estado se reuniram para firmar acordos bilaterais e, depois, concederam coletiva à imprensa. Modi foi condecorado por Lula com a Ordem do Cruzeiro do Sul.
Brasil e Índia são dois dos fundadores do Brics. A visita de Modi representa o aprofundamento das relações diplomáticas entre os países. Nesta terça, Lula e o premiê indiano assinaram acordo sobre parceria digital, com foco em inteligência artificial, tecnologias emergentes e infraestrutura pública e governança digitais.
Aos jornalistas, o petista fez questão de agradecer a presença de Modi no Brasil e de enfatizar a relevância da Índia para os interesses nacionais. Em resposta às ameaças de guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula voltou a dizer que as nações do Brics são soberanas em suas decisões e que não aceitarão “intromissão de quem quer que seja”.
“O que nós queremos é fazer com que nossos países possam progredir. Por isso, nós também queremos dizer ao mundo que nós somos países soberanos. Não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões soberanas, no jeito que nós cuidamos do nosso povo”, rechaçou.
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“Essa reunião de hoje, ela vai simbolizar o fortalecimento da relação Índia e Brasil. Não são dois quaisquer países, são dois países grandes, dois países que se respeitam e dois países que querem, pura e simplesmente, cuidar da melhoria da qualidade de vida do povo indiano e do povo brasileiro”, acrescentou o presidente.
Hoje estamos recebendo o primeiro-ministro @narendramodi para uma Visita de Estado. Neste encontro, vamos referendar cinco pilares prioritários para o trabalho conjunto ao longo da próxima década:
1️⃣ Defesa e segurança
2️⃣ Segurança alimentar e nutricional
3️⃣ Transição… pic.twitter.com/KkUdo1Bzr8— Lula (@LulaOficial) July 8, 2025
Reforma do Conselho de Segurança da ONU
Na fala à imprensa, Lula também tratou da necessidade de se reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para que possa refletir a atual realidade geopolítica do mundo. O petista afirmou que Brasil e Índia são países que trabalham em prol da paz e que, sem a presença deles no órgão mais relevante da ONU, os conflitos tendem continuar.
“A gente vê a ONU enfraquecida, a ONU não sendo levada em consideração e o membros fixos do Conselho de Segurança, que deveriam primar pela paz, são, exatamente, aqueles que mais estimulam a guerra. Foi assim na Guerra do Iraque, foi assim na invasão da Líbia, foi assim na Ucrânia e está sendo assim em muitos outros países”, enumerou. “É, portanto, a paz que vai nortear o comportamento da relação Brasil e Índia”, definiu o presidente.
Acordos estratégicos
Reunião de trabalho com o Primeiro-Ministro @narendramodi 🇧🇷🇮🇳
📷 @ricardostuckert pic.twitter.com/IBGOK5xJKc
— Lula (@LulaOficial) July 8, 2025
Na reunião de trabalho no Palácio da Alvorada, Lula e Modi chegaram a acordos em setores estratégicos. Veja abaixo os principais deles:
– Acordo sobre cooperação no combate ao terrorismo internacional e ao crime organizado transnacional
– Memorando de entendimento sobre cooperação em energia renovável
– Memorando de entendimento sobre cooperação em compartilhamento de soluções digitais bem sucedidas implementadas em escala populacional para transformação digital
Relações Brasil-Índia
As relações diplomáticas entre Brasil e Índia foram estabelecidas em 1948, logo após a independência indiana, em 1947. A partir da década de 2000, os contatos de alto nível se intensificaram, elevando os vínculos entre os países à condição de Parceria Estratégica em 2006.
O principal mecanismo de coordenação da relação bilateral é a Comissão Mista de Cooperação Política, Econômica, Científica, Tecnológica e Cultural. Existem também comissões ou grupos de trabalho bilaterais específicos, em áreas como defesa, ciência e tecnologia, energia e comércio.
Atualmente, a Índia, país mais populoso do mundo, é o 10º maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o fluxo entre eles totalizou US$ 5,3 bilhões, informa a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Da Redação, com informações do Ministério das Relações Exteriores e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos