Presidente brasileiro assumiu a presidência do bloco, e em seu discurso reafirmou as prioridades do organismo com temas como comércio, clima, tecnologia, segurança e transição energética
O presidente Lula assumiu nesta quinta-feira (3) a presidência do Mercosul e destacou as prioridades da gestão brasileira com temas como o fortalecimento do comércio, as mudanças climáticas, a promoção da transição energética, desenvolvimento tecnológico, combate ao crime organizado e defesa dos direitos sociais como desafios
O presidente ressaltou também o desafio do Brasil de sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas, em novembro, no Pará, e pediu apoio. “O Brasil assumiu a responsabilidade de sediar a COP30 em um momento de graves turbulências para o multilateralismo. O apoio do Mercosul e de toda a América do Sul será imprescindível”, destacou.
Ao encerrar sua participação na Cúpula do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou aos países membros e parceiros que “cabe somente a nós decidirmos se seremos grandes ou pequenos”.
Assista o vídeo com a íntegra do discurso do presidente Lula no Mercosul
Lula assinalou a adoção de declarações pelo Mercosul e o compromisso da presidência brasileira. “Estudaremos com afinco a possibilidade de criar uma agência contra a criminalidade organizada transnacional, como proposto pela Argentina. Também daremos seguimento à Declaração sobre Integração e Segurança Energética”, disse.
Lula enfatizou a crítica do bloco à exploração unilateral de recursos naturais nas Ilhas Malvinas – sob controle do Reino Unido. “Sinaliza que a América do Sul não permanecerá à parte na corrida global por fontes de energia”. observou.
Em seu discurso final, o presidente reforçou ainda os cinco desafios prioritários da presidência brasileira do Mercosul pelos próximos seis meses:
2 – Enfrentamento da mudança do clima e à promoção da transição energética.
3 – Desenvolvimento tecnológico.
4 – Combate ao crime organizado.
5 – Promoção dos direitos de nossos cidadãos.
“Precisamos enfrentá-los unidos”, finalizou ele.
Acordo com a União Europeia
Uma das prioridades da liderança brasileira será concluir o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Durante o discurso, Lula comemorou a conclusão das negociações, anunciadas nesta quarta, com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e defendeu maior integração comercial entre os países do bloco. “Estou confiante de que, até o fim do ano, assinaremos os acordos, criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo”, disse.
Livre comércio
A EFTA –composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein – e o Mercosul vão criar uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e um PIB combinado de mais de US$ 4,3 trilhões. Ambas as partes se beneficiarão de melhoras em acesso a mercado para mais de 97% de suas exportações, o que ampliará o comércio bilateral e beneficiará empresas e cidadãos.
Aproximação com a Ásia
Lula também mencionou a importância de diversificar mercados e aproximar o Mercosul de países asiáticos. Destacou o programa brasileiro Rotas da Integração Sul-Americana e a conclusão da Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, para encurtar o tempo de exportações para a Ásia. “É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia”, resumiu.
Tarifa Externa Comum
Sob a presidência brasileira, o Mercosul também pretende priorizar o fortalecimento da Tarifa Externa Comum, a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do bloco e o avanço em medidas que consolidem a união aduaneira. “Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Não é à toa que um número cada vez maior de países e blocos estejam interessados em se aproximar de nós”, pontuou o presidente.
Meio Ambiente
No campo ambiental, Lula propôs avanços na agricultura sustentável e destacou o papel da América do Sul na transição energética. O presidente citou a COP 30, que será realizada em Belém (PA), como oportunidade para mostrar ao mundo as soluções regionais. “Nossa cooperação promoverá padrões comuns de sustentabilidade, mecanismos de rastreabilidade e inovações tecnológicas. Precisamos de ímpeto renovado para recuperar nossa capacidade industrial com responsabilidade ambiental”.
Desenvolvimento Tecnológico
Outro eixo prioritário para o Brasil será o desenvolvimento tecnológico. O presidente mencionou a parceria com o Chile para a criação de modelos de Inteligência Artificial alinhados à realidade latino-americana e defendeu a instalação de centros de dados e a soberania digital na região. “Novas tecnologias estão concentradas nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países. Iniciativas como essa podem ser expandidas para o Mercosul e para toda a América Latina”.
Combate ao crime organizado
O combate ao crime organizado também é prioridade do governo brasileiro durante a presidência pro tempore do Mercosul. Lula ressaltou a necessidade de ação conjunta para enfrentar as redes transnacionais que atuam com tráfico, crimes ambientais e corrupção. Citou ainda a importância de iniciativas como a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus. “Precisamos investir em inteligência, conter os fluxos de armas e asfixiar os recursos que financiam a indústria do crime. O Brasil vai mobilizar o Mercosul ampliado para aprimorar e aprofundar essa colaboração”, garantiu.
Proteção social
Lula exaltou ainda o fortalecimento dos mecanismos de proteção social no bloco, e afirmou que sem inclusão social e enfrentamento das desigualdades não haverá progresso duradouro. O presidente anunciou a retomada da Cúpula Social do Mercosul e uma nova Cúpula Sindical, voltadas à promoção dos direitos sociais, trabalhistas e humanos. “A força das nossas democracias depende do diálogo e do respeito à pluralidade. A presidência brasileira do Mercosul trabalhará por uma integração solidária e sustentável”, finalizou.
Balança comercial
De janeiro a maio de 2025, o intercâmbio entre os países do Mercosul foi de US$ 17,5 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 10,2 bilhões e as importações, US$ 7,2 bilhões, superávit de US$ 3 bilhões. A pauta de importações brasileiras é baseada, em grande parte, em veículos automotores para transporte de mercadorias e de passageiros, trigo e centeio não moídos e energia elétrica. O Brasil exporta majoritariamente veículos de passageiros e mercadorias, partes e acessórios automotivos, produtos da indústria de transformação e minério de ferro.
Leia o Discurso do presidente Lula no encerramento da 66ª Cúpula do Mercosul
PTNacional, com Agência Gov