O governo federal anunciou a liberação de R$ 10 bilhões para o financiamento de projetos industriais na Região Nordeste.
Os recursos serão destinados a empresas, cooperativas e investidores que apresentem planos de negócios estratégicos com orçamento mínimo de R$ 10 milhões. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 28, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento realizado em Salgueiro, Pernambuco.
Segundo Lula, trata-se da maior oferta de crédito já feita com foco exclusivo na indústria nordestina.
“É a maior disponibilidade de recursos para que se faça investimento na indústria do Nordeste. São R$ 10 bilhões para quem quiser fazer projeto de crédito na região. Isso nunca tinha acontecido antes. Nunca houve uma disponibilidade de crédito para o Nordeste como estamos fazendo agora”, afirmou.
O edital que regulamenta o acesso aos recursos foi lançado no mesmo evento e prevê o recebimento de propostas até o dia 15 de setembro de 2025. Estão aptos a participar cooperativas, empresas nacionais e estrangeiras com atuação ou interesse em atuar na região. Os projetos podem estar em andamento ou ainda em fase de planejamento.
De acordo com nota do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os planos de negócios poderão contemplar a instalação de infraestrutura física, de pesquisa ou industrial; aquisição de máquinas e equipamentos; implantação de plantas-piloto ou demonstrativas; contratação de recursos humanos; e financiamento de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
Também estão incluídas, conforme o BNDES, iniciativas como contratação de serviços técnicos especializados, parcerias com universidades e centros de pesquisa — públicos ou privados —, execução de projetos de engenharia e solicitação de capital de giro.
O apoio poderá ser concedido em diferentes modalidades: linhas de crédito especiais, participação societária e subvenção econômica, esta última representando recursos não reembolsáveis.
Além do BNDES, o edital conta com a participação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e de bancos públicos como Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal. As instituições atuarão de forma conjunta para operacionalizar os financiamentos e selecionar os projetos, respeitando os critérios estabelecidos no regulamento.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defendeu a iniciativa como estratégia para reduzir as desigualdades regionais e estimular o desenvolvimento nacional. “Investir em industrialização regional fortalece a economia nacional e promove um desenvolvimento mais equilibrado, diminuindo as desigualdades”, declarou.
Mercadante destacou ainda que os investimentos do BNDES na região têm crescido progressivamente. Segundo ele, em 2024 foram aprovados R$ 370,2 milhões em projetos de empresas localizadas no Nordeste, número que representa um aumento de 282,1% em relação ao volume de 2023 e de 579,1% em comparação com o total registrado em 2022.
A iniciativa também contará com o apoio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Consórcio Nordeste de Desenvolvimento Sustentável (CNE), que atuarão na assessoria técnica para estruturação e apoio aos projetos empresariais. As entidades auxiliarão as empresas na elaboração dos planos e no alinhamento às diretrizes do edital.
O investimento faz parte da estratégia do governo federal para estimular a reindustrialização do país, com foco na regionalização do crescimento econômico. O plano prioriza a atração de empreendimentos com capacidade de gerar empregos e impulsionar cadeias produtivas locais, especialmente em áreas historicamente menos atendidas por políticas de incentivo industrial.
Segundo o governo, a expectativa é de que o programa contribua para a instalação de novas unidades industriais, a modernização tecnológica de empreendimentos já existentes e o fortalecimento de redes de inovação no Nordeste. O modelo de financiamento também visa atrair parcerias entre o setor produtivo e instituições acadêmicas, fomentando a transferência de conhecimento e o desenvolvimento de soluções tecnológicas.
Os interessados deverão apresentar propostas completas, com detalhamento técnico e econômico dos projetos, incluindo cronograma, orçamento, impacto regional e aderência às diretrizes do programa. As submissões serão analisadas por comitês técnicos compostos por representantes das instituições financeiras e de órgãos federais envolvidos.
A iniciativa segue a linha de outros programas anunciados pelo governo federal voltados à retomada de investimentos em infraestrutura e à ampliação da capacidade industrial do país. A liberação dos recursos será feita de forma escalonada, conforme a aprovação e execução dos projetos.
O resultado final da seleção dos planos de negócios será divulgado após o encerramento do prazo de submissão, e a contratação dos financiamentos seguirá o cronograma operacional estabelecido pelas instituições parceiras.
