Em uma demonstração de apoio e compromisso com os movimentos sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo estará mais aberto ao diálogo com essas organizações. A reunião aconteceu no edifício da nova sede do Armazém do Campo e da livraria Expressão Popular, no centro de São Paulo, administrado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nesta sexta-feira (19).
Durante a reunião com representantes de 70 movimentos sociais na capital paulista, Lula ouviu apelos por maior diálogo. Embora a reunião tenha sido a portas fechadas e Lula não tenha falado com a imprensa, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, que participou do encontro, confirmou que o governo atenderá a essa demanda. “Acho que hoje foi escrito um capítulo importante do livro das mudanças que estamos fazendo do Brasil, que é essa interação e diálogo direto com o movimento social organizado, com as lideranças vivas da sociedade civil do nosso país”, descreveu Macêdo.
O ministro Macêdo ressaltou a importância da manutenção de um diálogo permanente com os movimentos, enfatizando a disposição do governo em restabelecer os canais de diálogo institucional visando o fortalecimento da democracia. “Estamos do mesmo lado da história, em defesa da democracia, do combate à fome, da justiça social e dos valores civilizatórios da humanidade”, resumiu o ministro.
Lula esteve acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Laércio Portela (Comunicação Social), além da primeira-dama Janja Lula da Silva e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
“O presidente informou aos movimentos que o governo terá responsabilidade com os gastos, controle da inflação e investimentos nos programas sociais e nas políticas públicas”, afirmou Macêdo. Lula expressou gratidão ao segmento e mostrou-se otimista sobre os rumos do governo e do país.
Macêdo descreveu o encontro como “de alto nível” e “muito politizado”. “Foi como companheiros que estavam há muito tempo sem fazer uma reunião e resolveram discutir os problemas do país, as coisas boas que estão acontecendo e a necessidade de uma unidade de ação”, afirmou o ministro.
Expectativa de construção coletiva
João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, destacou que esta foi a primeira reunião dos movimentos com Lula desde o início de seu terceiro mandato, sublinhando as propostas de estabelecimento de novas frentes de diálogo.
O coordenador do MST destacou que os movimentos apresentaram propostas de novas frentes de diálogo e solicitaram a criação de uma rotina de agendas temáticas com ministros para tratar de assuntos como comunicação, economia e participação popular. Macêdo afirmou que o governo analisará o pedido, reiterando que o Palácio do Planalto está aberto à participação dos movimentos em diferentes fóruns oficiais.
“Esse conjunto de organizações participou muito ativamente da luta em defesa da presidenta Dilma, do Fora Temer, do Fora Bolsonaro, do Lula Livre, e, claro, todos os processos de eleições. Mais que justo, em um momento como este, esse encontro com o presidente. É verdade que demorou um pouco, deveríamos ter encontrado antes. Por motivos de agenda, não foi possível”, pontuou Rodrigues.
Expectativa de construção coletiva
Manuella Mirella, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), destacou que a reunião proporcionou um espaço para que os movimentos sociais pudessem expor suas avaliações sobre o primeiro ano de governo. “Foi um espaço onde os movimentos sociais puderam falar para o presidente, cada segmento, as suas impressões sobre esse ano de governo, o que avançamos, apresentar críticas também, o que a gente precisa melhorar”, disse Manuella ao Portal Vermelho. Ela destacou que o encontro foi “prolongado e bem intenso” e permitiu que todos apresentassem suas opiniões e sugestões.
Segundo a líder estudantil, a reunião culminou com a promessa de criar um fórum permanente de diálogo entre os movimentos sociais e os ministros, garantindo a participação ativa dessas organizações no processo de reconstrução do país. Manuella aproveitou a oportunidade para fazer cobranças específicas em nome da UNE.
Expectativa de construção coletiva
Nivaldo Santana, secretário Sindical do PCdoB, destacou a importância da reunião para o entendimento mútuo entre o governo e os movimentos sociais. “Foi uma reunião importante para permitir um diálogo do governo com os movimentos sociais e permitir compreender melhor a complexa situação política e econômica do país, onde as demandas das frentes de massa nem sempre coincidem com as dificuldades do governo em superar as amarras dos juros altos do Banco Central e de uma política fiscal limitada”, afirmou o sindicalista.
Segundo o presidente da Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB), Adilson Araújo, este encontro é uma oportunidade para discutir o novo ciclo de desenvolvimento proposto pelo governo, focado no crescimento econômico e na distribuição de renda.
Espaço dos movimentos populares
O encontro marcou a “inauguração política” da nova casa dos movimentos populares na região central da capital paulista. O prédio onde funciona o Armazém do Campo e a livraria Expressão Popular recebeu o presidente da República três meses após sua inauguração. Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST, celebrou a realização da reunião no espaço, afirmando que “é um espaço do movimento popular, um espaço do povo brasileiro”.
Lula, que passeou pelo Armazém do Campo conhecendo os produtos provenientes da agricultura familiar e de assentamentos do MST, destacou pelas redes sociais a importância dos produtos orgânicos e de qualidade da Reforma Agrária chegarem à mesa das famílias brasileiras, gerando emprego e renda no campo.