O jornalista Luís Nassif recebeu, na última terça-feira (16), o ex-presidente nacional do PT, José Genoino, no programa TVGGN 20 Horas para analisar o cenário político do país, além de comentar as recentes investigações sobre o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para favorecer o processo contra Flávio Bolsonaro no caso da rachadinhas.

Para Genoino, a grande tarefa do campo progressista é “apresentar as bases de um projeto nacional de futuro, que equacione ao mesmo tempo a inserção do Brasil no mundo, a preservação e avançar na democracia, não a democracia formal e liberal, mas a democracia com participação popular”.

O convidado ressaltou ainda que o país carece de uma agenda estratégica, em que seja possível enfrentar o modelo neoliberal, financista, rentista e privatista que domina o mercado, para que seja possível aproveitar a chance histórica de indicar caminhos de inserção soberana, avanço da democracia, direitos sociais e diversidade, mesmo em um panorama global controverso.

“O cenário internacional é uma área muito tensa, de multipolaridade tencionada”, pontua o convidado, que defende a integração sul-americana como essencial para o protagonismo do Brasil, além de ressaltar a importância da aliança com os Brics.

“Temos de ter autonomia em relação à Europa e aos Estados Unidos e fazer determinadas escolhas: abrir debate com segmentos populares e produtivos para viabilizar este caminho, pois com o rentismo não tem jeito, com os que defendem a especulação financeira não dá jeito, com os que querem comprar ações de empresa privatizadas no Brasil não dá jeito.”

Alianças

José Genoino, que participou da criação da Abin, afirma que a arapongagem revelada na última semana só foi possível porque nunca tratamos da inteligência de Estado. “Ficou uma inteligência de corporações, de bisbilhotices”.

Já em relação ao Congresso, onde o governo não tem maioria e enfrenta dificuldades para aprovar projetos, o ex-presidente do PT critica a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fazer “uma aliança ampla demais” para levar o pleito em 2022. “Essa aliança foi tão ampla que ele não costurou um núcleo estratégico dentro dela, por isso que ficou esse pântano, porque não tem um núcleo estratégico”, emenda o entrevistado.

Para barrar o avanço da extrema-direita, que não é um fenômeno apenas no Brasil, Genoino aposta no engajamento popular, a partir do exemplo recente da França. “Acho que está faltando um diálogo mais efetivo, mais propositivo com essa efervescência popular na sociedade civil. E acho que o PT está muito precarizado, muito esvaziado nesta tarefa. O PT deveria ser mais ousado. A gente deveria estar promovendo grandes debates para discutir o Brasil dentro desse mundo quente, em guerra, em desastre climático, em crise social, em grande tipo de crise”, conclui.

Confira a entrevista completa:

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Última Atualização: 17/07/2024