O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta quinta-feira (30), de uma coletiva de imprensa em que afirmou que irá retomar as viagens pelo país, a fim de conversar com a população.
Apesar de dizer não se importar com as pesquisas de popularidade, que pela primeira vez apontaram que a maioria dos entrevistados está insatisfeita com a gestão petista (49%), Lula garantiu que o maior contato com o povo é uma forma de combater o avanço da extrema-direita no Brasil.
“A democracia, na verdade, será a grande derrotada se a gente permitir o crescimento da extrema-direita no mundo inteiro, como está acontecendo, se a gente permitir a vitória da fake news, como está acontecendo, e se a gente permitir a mentira, sabe, vitoriosa, sabe, ganhando da verdade. Então este ano é um ano que eu vou me dedicar muito, mas muito, pode ter certeza que eu estou 100% pronto para começar a viajar ao Brasil, para começar a percorrer os estados brasileiros, para começar a visitar a sociedade brasileira, estabelecer uma conversa muito verdadeira, para que a hora da verdade, sabe, possa dizer para o país como é que nós estamos”, ressaltou o chefe de Estado.
Lula garantiu ainda que terá encontros mais frequentes com os jornalistas, a fim de responder todos os questionamentos que souber, a fim de evitar ruídos e exaltar as conquistas do governo.
“Vocês estão lembrados que eu estava em Hiroshima, em janeiro de 2023, por ocasião do G7, quando o FM disse que o Brasil só ia crescer 0,8%. E eu disse para ela, olha, você não conhece o Brasil, você não conhece o tipo de governo que nós fazemos, e você vai perceber que o Brasil vai crescer muito mais. E aconteceu que o Brasil cresceu 3,2%”, continuou o presidente.
O chefe de Estado lembrou ainda a retomada da indústria nos últimos anos. “É esse Brasil que nós vamos discutir com o povo brasileiro em 2025, nas ruas desse país. Eu digo sempre o seguinte, eu digo sempre que quem quiser derrotar a política do meu governo vai ter que aprender a fazer luta de rua, porque é mais fácil ficar na internet mentindo. Agora, é muito difícil ter coragem de ir para a rua, conversar com o povo e discutir com o povo as coisas que estão acontecendo no país.”
Economia
Questionado sobre o aumento da taxa Selic, estipulado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na última quarta-feira (29), Lula ressaltou a competência técnica do presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, e também a autonomia para a definição da taxa básica de juros.
“Tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central e eu tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”, opinou o presidente da República.
Lula também defendeu a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após críticas de Gilberto Kassab, presidente do PSD. Em entrevista, Kassab afirmou que Haddad seria fraco. Lula, porém, reafirmou o mérito do ministro da Fazenda ao conquistar a aprovação da reforma tributária.
Uma medida que será anunciada nos próximos dias é o acordo entre governo e bancos, que criaram o crédito consignado para o setor privado. “Parecia uma coisa impossível, estávamos há 6 meses discutindo. Ontem chegamos a um acordo que é possível fazer sem prejudicar nada. Vai ser o maior programa de crédito da história desse país.”
Reajustes
A gasolina e o diesel ficarão mais caros a partir de fevereiro, tendo em vista o reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Questionado sobre a autorização para tal aumento, Lula negou envolvimento no assunto.
“Eu não autorizei aumento do diesel, porque desde o meu primeiro mandato que eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo, do derivado de petróleo, é a Petrobras e não é o presidente da República”, garantiu o presidente.
Já em relação à inflação dos alimentos, Lula disse que o aumento dos alimentos que compõem a cesta básica atinge diretamente os trabalhadores e brasileiros mais humildes, justamente aqueles que o governo quer proteger.
“Não tem sentido fazer um sacrifício enorme, de fazer políticas públicas para fazer com que o dinheiro chegue na conta e depois esse dinheiro será comido pela inflação. Não tomarei nenhuma medida daquelas que são bravatas. Não farei cotas, não coloquei helicóptero para viajar à fazenda e prender boi como foi feito no tempo do Plano Cruzado, não vou estabelecer nada que possa significar o surgimento de mercado paralelo”, informou o presidente.
As alternativas para a contenção e redução de preços são o estímulo ao aumento da produção de pequenos e médios agricultores, que respondem pelo mercado nacional, e financiamento para a modernização da produção de alimentos.
Questão ambiental
Lula também lamentou os recentes anúncios do presidente norte-americano Donald Trump, que prometeu deixar a Organização das Nações Unidas (ONU) e o acordo de Paris.
Agora, os esforços do presidente estarão concentrados na realização da COP30, em Belém, no Pará.
“É isso que a gente vai fazer, porque nós temos que fazer uma luta muito grande nessa questão do clima. Não é uma coisa pequena. Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COP vão ficar desmoralizadas, porque se aprova as medidas, fica tudo muito bonito no papel, e depois nenhum país cumpre”, emendou.
“O Trump acabou de anunciar a saída do Acordo de Paris, mas os Estados Unidos já não tinham cumprido o Acordo de Kyoto. Ou seja, os países se comprometeram a dar US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento em Copenhague, em 2009, e até hoje não deram. Agora, a necessidade é US$ 1,3 trilhões, eu tenho certeza que eles não vão dar”, lembrou o presidente.
“Então é preciso que a gente faça uma discussão séria, se nós queremos discutir a questão do clima com seriedade, se nós queremos fazer com que haja uma transição energética de verdade, se nós queremos mudar o nosso planeta para a gente poder sobreviver nele, e chegarmos a ter no máximo um grau e meio de caloria, ou nós vamos brincar, ou nós vamos brincar de falar na questão do clima”, afirmou o chefe de Estado.
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