O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou, neste sábado, 7, comentar a possibilidade de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disputar o governo de São Paulo ou o Senado nas eleições de 2026. A declaração foi dada a jornalistas durante viagem oficial a Paris, na França.
Questionado sobre o tema, o presidente afirmou que não pretende antecipar discussões eleitorais. “Você acha que eu seria louco de responder a isso agora?”, declarou.
Em seguida, indicou que o debate sobre candidaturas será feito posteriormente. “Quando chegar o ano que vem, vou a discutir candidaturas. Eu não sei quem é melhor em que lugar. Nós temos que fazer o mapeamento do Brasil, ver a realidade.”
A fala de Lula ocorre um dia após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizar que a extrema-direita buscará ampliar sua influência no Senado Federal em 2026.
Em declaração feita na sexta-feira, 6, Bolsonaro afirmou que o grupo político que lidera poderá ter mais poder que o Executivo, caso conquiste a maioria na Casa. “Pode mandar mais que o presidente da República”, disse, ao tratar da importância de eleger senadores alinhados a seu campo ideológico.
A estratégia da oposição liderada por Bolsonaro visa obter maioria entre os 81 parlamentares do Senado. Com isso, grupos à direita do espectro político poderiam promover medidas contra integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), como a abertura de processos de impeachment, e ter mais força na indicação e aprovação de nomes para tribunais superiores.
Indagado sobre essas movimentações, Lula respondeu que também pretende mobilizar sua base para as próximas eleições. “Eles querem eleger senadores, governadores, deputados federais, eu também quero”, declarou. Segundo ele, a disputa por cargos legislativos e executivos faz parte do processo democrático. “É um direito que todos queiram eleger. Quando chegar o momento exato, a gente vai escolher as opções.”
O presidente também comentou o cenário para as eleições presidenciais de 2026. Sem mencionar diretamente adversários políticos, Lula disse acreditar que a extrema-direita não terá êxito no pleito. “Não haverá inteligência artificial ou notícias falsas que farão alguém ganhar a eleição”, afirmou.
Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, tem sido mencionado nos bastidores do PT como possível nome para encabeçar a disputa pelo governo de São Paulo em 2026.
Ele já concorreu ao cargo em 2022, sendo derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. Também é cogitada sua candidatura ao Senado Federal, cargo que estará em disputa em diversos estados, incluindo São Paulo, na próxima eleição.
Lula tem evitado definir apoios ou pré-candidaturas com antecedência. Segundo interlocutores próximos ao presidente, a estratégia é adiar as definições eleitorais para priorizar a agenda do governo federal no curto prazo. No entanto, integrantes do PT reconhecem que o partido trabalha no fortalecimento de nomes considerados competitivos em regiões-chave, como São Paulo, Minas Gerais e o Sul do país.
A composição de alianças partidárias também está entre os temas que deverão ser tratados com cautela nos próximos meses. O Palácio do Planalto aposta em uma base ampla no Congresso Nacional para garantir a aprovação de pautas prioritárias e busca manter diálogo com legendas que integram o chamado centrão.
No campo da oposição, Bolsonaro segue articulando candidaturas com o objetivo de ampliar a presença da direita nos três níveis de governo. O ex-presidente tem afirmado que pretende viajar pelo país a partir de 2025 para mobilizar apoio a nomes ligados a seu grupo político. Apesar de inelegível até 2030, Bolsonaro tem participado ativamente de eventos públicos e encontros partidários, com foco nas eleições municipais de 2024 e nas gerais de 2026.
A disputa pelo Senado é considerada estratégica por ambos os campos políticos. A Casa tem prerrogativas exclusivas, como sabatinar e aprovar indicações ao STF, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a tribunais de contas, além de julgar processos de impeachment contra autoridades, incluindo ministros da Suprema Corte.
O Palácio do Planalto e lideranças petistas acompanham os movimentos da oposição no Senado e monitoram as articulações para formação de bancadas. O governo tenta consolidar maioria na Casa, onde enfrenta dificuldades em votações sensíveis, mesmo contando com apoio mais consolidado na Câmara dos Deputados.
As declarações de Lula, neste sábado, se inserem nesse contexto de preparação para o cenário eleitoral e de disputas institucionais entre os Poderes. Ainda não há definição oficial sobre as candidaturas do PT em 2026, e a própria composição da chapa presidencial permanece indefinida. Nos bastidores, aliados avaliam a possibilidade de Lula disputar a reeleição, mas o presidente ainda não confirmou intenção de se candidatar novamente.