Presidente participou do encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, neste domingo (3)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao participar do encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, neste domingo (3), defendeu a democracia e frisou a importância de se resgatar a civilidade e o verdadeiro patriotismo no Brasil.
Ele criticou duramente os bolsonaristas, que têm apoiado, de forma submissa e antinacional, as sanções econômicas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil, ameaçando milhares de empregos de trabalhadores brasileiros. Lula reiterou que a soberania do Brasil é inegociável e denunciou a traição nacional promovida por bolsonaristas.
“Eles estão traindo o povo brasileiro. Renunciar ao mandato de deputado para ir lá, ficar lambendo as botas do Trump, e pedindo para ele taxar o Brasil mais alto, mais alto, mais alto, o máximo que puder. E nós precisamos dizer: neste país aqui, a gente tem muitos defeitos, mas quem é brasileiro e quem defende este país somos nós, o povo brasileiro, e disso, nós não abrimos mão”, afirmou Lula.
Um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), há meses encontra-se nos EUA liderando uma campanha contra o Brasil e o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a fim de livrar seu pai dos processos e de uma possível condenação à prisão.
Soberania nacional
Lula destacou que o Brasil não quer desafiar os EUA, mas que o país tem interesses estratégicos que precisa defender. O presidente afirmou que o Brasil não é uma “republiqueta” e que quer negociar em igualdade de condições.
“Os EUA são muito grande, é o país mais bélico do mundo, é o país mais tecnológico do mundo, é o país com a maior economia do mundo. Tudo isso é muito importante. Mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Nós temos interesses econômicos e estratégicos. Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta. Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável. É inaceitável”, avaliou.
Lula fez referência às críticas dos EUA ao julgamento do ex-presidente Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, um dos motivos apontados por Trump para taxar o Brasil.
Relações diplomáticas
O presidente brasileiro, por outro lado, acrescentou que o governo segue aberto a negociações com os EUA e que, apesar de o país norte-americano não ter mais a mesma importância econômica que já teve para o Brasil, as relações diplomáticas devem ser preservadas.
“O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. O Brasil tem uma relação comercial muito ampla no mundo inteiro. A gente está muito mais tranquilo do ponto de vista econômico. Mas, obviamente, que eu não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os Estados Unidos, que já dura 201 anos”, afirmou.
Lula disse ainda que o governo vai trabalhar para defender as empresas e os trabalhadores afetados pelo tarifaço enquanto deixa a porta aberta para negociações com a Casa Branca.
“Vamos dizer o seguinte, ‘olha, quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram apresentadas propostas pelo [vice-presidente] Alckmin e pelo [ministro das Relações Exteriores] Mauro Vieira. Então, é simplesmente isso”, disse Lula.
Encontro do PT
Ao lado das principais figuras do PT, incluindo o novo presidente da legenda, Edinho Silva, e a primeira-dama, Janja, Lula proferiu no encontro do PT discurso direcionado principalmente à militância. Ele tratou de questões partidárias e também fez um balanço do trabalho da administração federal até aqui. “Nós vamos fazer outra vez o melhor governo que esse país já teve”, garantiu, antes de ser aplaudido pelo auditório abarrotado.
Lula se disse “muito feliz” com a retomada dos programas sociais e com o anúncio de que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome, mas reconheceu que, na disputa política contra a extrema direita, o PT deve estreitar a comunicação com os trabalhadores.
“É preciso fazer com que o povo compreenda uma narrativa sobre o que é democracia. Porque a democracia, para o povo, nós temos que ser claros: não é ele ter o direito de votar, não é ele ter o direito de escolher um deputado. Isso é importante, mas a democracia tem que dar para o povo alguma coisa prática, material”, ponderou.
“Ele quer trabalhar e ter um bom emprego, ele quer comer e ter boa comida, ele quer morar e ter boa moradia, ele quer estudar”, acrescentou Lula.
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Redação PT na Câmara com PT Nacional e Agência Brasil