“A terra é minha, do meu suor”, diz agricultora após receber a escritura; histórias como a dela mostram o impacto real de uma reforma agrária no cotidiano rural


Sob o sol inclemente do cerrado tocantinense, uma cena marcante: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estende as mãos para entregar, uma a uma, as escrituras que transformam sonhos em direito. Na última sexta-feira (27), em Araguatins, centenas de famílias viram o fim de uma espera que durou décadas. Era mais do que papel passado – era o reconhecimento de que “o patrimônio da União pertence ao povo e deve voltar para suas mãos”, como definiu o presidente.

“Terra parada é terra desperdiçada”, afirmou Lula, com a voz embargada pela emoção. “Não podemos aceitar que áreas públicas fiquem engavetadas em processos burocráticos enquanto famílias lutam para plantar e criar seus filhos com dignidade.” O ato simbolizou uma mudança de postura do governo federal, que agora acelera a regularização de 1,9 milhão de hectares no Tocantins – área equivalente a sete vezes o tamanho de Brasília.

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O acordo que desata nós históricos

O pacto entre União e estado prevê:
✔ Integração de sistemas digitais para agilizar processos
✔ Simplificação de exigências para titulação de terras urbanas e rurais
✔ Ações conjuntas entre órgãos federais e estaduais

“Estamos substituindo a papelada por políticas que chegam ao chão”, explicou a ministra Esther Dweck, do Ministério da Gestão. O programa Imóvel da Gente surge como carro-chefe dessa nova fase, onde tecnologia e vontade política se unem para destravar a posse da terra.

Sete novos assentamentos: o renascer da esperança

Destaque para a criação de:
➤ PA Santa Maria (4.943 hectares)
➤ PA Esmeralda (6.557 hectares)

No total, 896 famílias de agricultores familiares receberam lotes. “Cada título é uma semente de justiça social plantada no solo brasileiro”, declarou o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), lembrando que esta foi a maior entrega única de terras na história do estado.

Vozes do campo: “Agora é nosso!”

Domingas Alves, 58 anos, segurava a escritura com mãos calejadas de tanto trabalhar na roça. Moradora do assentamento Amigos da Terra há 26 anos, ela viu a vida mudar quando passou a fornecer alimentos para o PAA e o Pnae. “Antes, a gente vivia na insegurança. Hoje, posso dizer: essa terra é minha, do meu suor”, disse, entre lágrimas.

Casos como o de Domingas se repetiram em 24 municípios, onde 169 títulos foram distribuídos – somando 13,4 mil hectares regularizados. Outras 17 famílias já assentadas receberam a escritura definitiva, chave para acessar crédito rural e ampliar produção.

Apesar dos avanços, o Tocantins ainda tem 12 milhões de hectares sob domínio federal aguardando regularização. O governador Wanderlei Barbosa reconhece: “São décadas de entraves, mas hoje temos um aliado forte em Brasília”.

Enquanto técnicos comemoram a eficiência do novo modelo, agricultores como seu José Ribeiro, 62 anos, resumem o sentimento: “Sempre trabalhei na terra dos outros. Hoje, pela primeira vez, vou dormir sabendo que amanhã acordarei no meu pedaço de chão”.

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Last Update: 30/06/2025