O que ocorre com a queda de popularidade de Lula é simples de entender: fadiga de material. Lula foi candidato a presidente da República em 6 eleições. Caminha para sua 7ª eleição. Ou seja, assumiu a liderança do bloco progressista em 1989 e só largará em 2030 – caso vença as próximas eleições.
Não preparou e nem pretende preparar um sucessor. Lula é o candidato dele mesmo. O que seria um ótimo sinal de avanço com continuidade se conseguisse, ao menos, recauchutar o material, o discurso político e entender a nova etapa do país.
Até agora, não há sinais de que isso aconteça.
A indicação de Gleisi Hoffmann para Ministra das Relações Institucionais acalmará um pouco o mar de intrigas em que se transformou o Palácio do Alvorada. Significa que Lula será mesmo candidato em 2026. Essa constatação servirá para amansar o Ministro-Chefe da Casa Civil, Rui Costa, que desde 2019 acalenta o sonho de ser o sucessor de Lula. Agora, é possível que reduza as pressões sobre Fernando Haddad.
Haddad está desenvolvendo seu programa industrial de transição energética quase sub-repticiamente, para não despertar a animosidade e pressão de Rui Costa.
Os problemas do governo não decorrem do preço dos alimentos ou da inflação. Decorre da falta de uma imagem, da falta de uma utopia, de uma indicação sobre qual o país que pretende construir.

Não é um problema de comunicação, nem se resolve colocando os Ministros para correr o país contando suas obras. Ou o próprio presidente aparecendo mais em redes sociais.
Falta o projeto, o sonho, a construção do futuro. JK conseguiu incendiar o imaginário nacional em condições econômicas imensamente piores que as de Lula. Enfrentava inflação, contas externas em pandareco, contas fiscais em crise, campanha diária da imprensa acusando-o de corrupto. Mas conseguiu recriar o sonho do grande país.
Até agora, Lula não mostrou nada, a não ser a reedição do objetivo – meritório, porém já assimilado – de reduzir a fome.
Não entendeu que o Bolsa Família já se tornou um direito adquirido dos brasileiros. Não é considerado mais uma benesse do governo, mas algo incorporado ao dia a dia das famílias mais necessitadas.
O país precisa de mais coisas, de um objetivo unificador. Mais do mesmo, da parte de Lula, significará ou a derrota em 2026, ou a pasmaceira que manterá o domínio do Centrão sobre o orçamento.
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