O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que os banqueiros, e não o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), estão atualmente tomando as terras dos produtores rurais no Brasil.
“Vamos fazer um levantamento para ver o seguinte. Quem é que está tomando terra de fazendeiro hoje neste país? Sabe quem são? Os banqueiros. Todos os proprietários de terra que tem dívida agrária os bancos estão tirando a terra deles”, disse o petista durante uma cerimônia de entrega de obras de transporte em Campinas (SP).
“Não é mais o João Pedro Stédile [líder do MST], são os presidentes dos bancos que estão tomando terra”, completou o chefe do governo.
A declaração de Lula ocorreu um dia após o lançamento do Plano Safra para 2024 e 2025, que apresenta um valor recorde de R$ 400,5 bilhões. O programa foi lançado em uma cerimônia com a presença de parlamentares e empresários do agronegócio, em uma tentativa de aproximação do setor, uma das principais bases eleitorais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O presidente chamou o plano de “programa do agronegócio” e destacou que o lançamento contou com os maiores representantes do setor. Ele reconheceu que os empresários do agro não gostam do PT por conta do MST, mas enfatizou que seu governo fez um Plano Safra maior do que qualquer outro presidente desde D. Pedro.
Presidente Lula participa da entrega de lotes do BRT Campinas e anúncios de macrodrenagem https://t.co/3RpeHCMiwR
— Lula (@LulaOficial) July 4, 2024
Durante o lançamento do programa, Lula fez diversos gestos à plateia, afirmando que não governa ideologicamente e que não perguntará em quem um empresário votou. “Não precisa gostar de mim. Eu certamente vou gostar de vocês, porque não desprezo possíveis eleitores”, disse, arrancando risadas do público.
A fala do petista sobre os banqueiros tomando terras veio após o mercado financeiro aliviar as apostas de um risco fiscal elevado no país. Isso elevou as taxas dos contratos de juros futuros e provocou uma alta do dólar, que chegou a R$ 5,70 na terça-feira (2), mas recuou para R$ 5,50 após sinalizações positivas da atual gestão.
Investidores responderam imediatamente às declarações do presidente sobre o compromisso fiscal de seu governo. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou um corte de R$ 25,9 bilhões a partir da revisão dos gastos com benefícios sociais.
Antes da mudança na comunicação, Lula havia atribuído a elevação do dólar à especulação do mercado contra o real. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), durante outro evento no interior paulista, reafirmou o compromisso do governo com as metas do arcabouço fiscal, prometendo déficit fiscal zero neste ano e superávit a partir do próximo ano.